O primeiro-ministro, António Costa, promoveu este domingo a mais abrangente remodelação ministerial no seu Governo, substituindo ministros alvo de contestação pública, casos da Defesa, Saúde e Cultura, ou como menor visibilidade política, designadamente o da Economia. Eis as reações dos partidos políticos.
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PSD
O presidente do PSD, Rui Rio, disse, que ao fazer esta remodelação governamental, o primeiro-ministro "deu a mão à palmatória" e reconheceu aquilo que vem dizendo o PSD nas áreas da Defesa, da Saúde e da Cultura. "Esta remodelação assenta nas áreas em que o PSD tem feito as suas principais críticas ao Governo. Nessa medida, significa que o primeiro-ministro acaba por reconhecer aquilo que nós temos dito, de certa forma", afirmou.
"Quer no caso de Tancos, quer no caso do Colégio Militar, quer no caso da morte dos comandos e na forma como tudo isto foi gerido politicamente, nunca foi defendido o prestígio das Forças Armadas. Na Defesa, o país está pior hoje, do que estava há três anos atrás. E, portanto, há reconhecimento quanto à necessidade de mudar o ministro da defesa", defendeu.
No caso da Saúde, Rui Rio, voltou a repetir que também nesta área o país está pior do que há três anos, tal como demonstra a "notória" degradação dos serviços quer em termos humanos, quer de infraestruturas e investimento. Já na Economia, o presidente do PSD, considerou que falta uma estratégia sustentada de médio e longo prazo, quando o que o país precisava era de um crescimento sustentável assente nas exportações e no crescimento.
BE
A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou que as remodelações nos governos "são normais", mas admitiu que a que foi conhecida esta manhã "apanha o país um bocadinho desprevenido", manifestando preocupação com as áreas da saúde e energia.
"Há duas preocupações que nós temos e que não posso esconder. Uma preocupação com a saúde e o caminho da Lei da Bases da Saúde. Veremos se a remodelação corresponde a um esforço de fazer avançar dossiês que são tão importantes como esse", disse. A outra preocupação do partido, que apoia parlamentarmente o Governo minoritário do PS, "é a questão da energia". "Pela primeira vez há alguma capacidade de fazer a EDP pagar pelos sobrecustos que tem tido. O BE tem-se empenhado muito nesse dossiê. Esperemos que esse trabalho seja para continuar e para aprofundar e que não haja nenhum retrocesso", avisou.
CDS-PP
A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, desvalorizou a remodelação governamental, afirmando que foi feita "por arrasto" do caso do furto de Tancos e que Governo e primeiro-ministro estão fragilizados. As mudanças no executivo, feitas com "prata da casa", e "sem rasgo", são a "prova dos nove da extraordinária fragilidade do primeiro-ministro", afirmou.
Além do mais, estas mexidas no executivo não resolvem os problemas do país, porque "quem precisa de ser remodelado é António Costa", que "não tem estatura, não tem capacidade para liderar o Governo de Portugal", concluiu. A saúde, uma área que tem sido "profundamente criticada" pelo CDS, ficou sem ministro e a nova titular vai executar um orçamento que "não preparou nem negociou".
PCP
O PCP defendeu que "o que é determinante é a política do Governo", mais do que a "perspetiva pessoal de cada ministro", em reação à terceira e maior remodelação governamental anunciada.
"Com ou sem remodelação, o que verdadeiramente importa é que a política do governo responda aos problemas que estão colocados ao país. Resposta que continua, por opção do Governo e dos seus compromissos com o grande capital, com as orientações da União Europeia e do euro, a ser adiada em áreas decisivas de que são exemplo os direitos dos trabalhadores e legislação laboral, a afirmação do desenvolvimento soberano e uma efetiva valorização os serviços públicos", alerta o PCP.
PAN
O deputado único do PAN, André Silva, louvou o tempo oportuno da remodelação governamental levada a cabo pelo primeiro-ministro, António Costa, para não desviar a atenção do debate sobre o Orçamento do Estado para 2019 (OE2019).
"O novo ministro da Economia terá como grande desafio o setor do turismo porque o país precisa de encontrar formas mais sustentáveis para esta atividade e de descentralizar as grandes massas dos centros urbanos. Espero que seja capaz de conseguir encontrar formas alternativas", desejou André Silva.
Os Verdes
O Partido Ecologista "Os Verdes" lamentou que a remodelação governamental anunciada ocorra em "vésperas da entrega e discussão" do OE2019 e pediu "mudanças de políticas".
"As vésperas da entrega e discussão do OE não parece ser o momento mais adequado para remodelações governamentais, tendo em conta a necessidade que o parlamento tem de esmiuçar as diferentes estratégias e rubricas e que o fará agora com ministros que não participaram na elaboração desse documento nas respetivas pastas que agora assumem", declararam Os Verdes em comunicado.