É uma decisão inédita a nível nacional. Dez associações e movimentos de cidadãos juntaram-se numa plataforma única que pretende dar voz comum à defesa dos espaços verdes, da mobilidade suave e da preservação patrimonial. Chama-se Movimento Espaços Livres (MEL) e ganhou forma através da assinatura formal de um protocolo de intenções, numa reunião que teve lugar em Vila Nova de Gaia.
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"O objetivo é apelar à administração central e aos autarcas que aceitem dialogar com os cidadãos e suas organizações, inclusive sob forma de discussão pública organizada, sobre casos em que objetivos não foram ou estão em vias de não ser respeitados", explica José Carlos Marques, da Associação de Defesa do Ambiente Campo Aberto e porta-voz do MEL.
Fazem parte do MEL, além da Campo Aberto, a Associação Cultural e de Estudos Regionais, a MUBi - Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, o Clube UNESCO da Cidade do Porto, o Grupo pela Preservação do Parque da Lavandeira, o Movimento Peticionário Charca de Salgueiros, o Movimento por um Jardim Ferroviário na Boavista, o Movimento Peticionário Rua Régulo Magauanha, o Núcleo de Defesa do Meio Ambiente de Lordelo do Ouro e o Trek Talk Gaia. Uma dezena de membros das mais diversas proveniências e vertentes, que viram no MEL uma forma de juntar reivindicações e objetivos de forma mais direta e influente junto dos poderes públicos. E não só. "O MEL está também aberto a pessoas individuais, que se revejam no nosso projeto e queiram participar", descreve José Carlos Marques.
Objetivos traçados
Entre as diversas metas propostas pelo MEL, destaca-se a defesa do património ambiental inserido em meio urbano. "Pretendemos procurar reequilibrar o artificialismo e a impermeabilização, a compactação e excessiva concentração de betão, asfalto, população e veículos, através da valorização e defesa dos espaços verdes", referem os estatutos do movimento. Propostas de novos parques e jardins, defesa de mais áreas verdes de proximidade e combate à multiplicação de infraestruturas pesadas à custa do abate de árvores são outros dos objetivos.
Quanto à mobilidade, promete pugnar pela criação de redes de percursos seguros para as deslocações a pé e em bicicleta, promover a contenção da dispersão urbana, reduzir o limite máximo de velocidade nas localidades para 30 km/h e apoiar a implementação de Zonas de Emissão Reduzidas nas cidades antes de 2024.
Todos estes desígnios serão levados à consideração da opinião pública e das autarquias. "Vamos prosseguir a inventariação de casos, com o intuito de propor oportunamente processos de concertação, diálogo e conciliação", garante José Carlos Marques.
Pormenores
Causas
O MEL estabeleceu um conjunto de causas que pretende ver discutidas e resolvidas com celeridade (ler página ao lado). Concentra atenções nos concelhos da Área Metropolitana do Porto, mas está aberto a todo o país.
Incomodar
"O MEL surge para incomodar as autoridades públicas", refere José Carlos Marques. O objetivo é não deixar que causas ligadas às cidades acabem esquecidas pelos diferentes poderes.
Futuro
Incentivar a novos meios de usufruir das cidades de modo sustentável é um dos objetivos. As práticas sustentáveis "são essenciais para proteger as próximas gerações".