O destino da Estação Ferroviária da Boavista ficou traçado no passado mês de fevereiro quando um despacho publicado em "Diário da República" confirmou a demolição da infraestrutura e a construção no local de um novo centro comercial El Corte Inglés, o primeiro no Porto.
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No total, serão três os edifícios a destruir, num total de 20 686 metros quadrados. Uma das vozes públicas que luta por outro destino para aquele espaço é o Movimento por um Jardim Ferroviário da Boavista, um dos membros fundadores do MEL, que organizou diversos protestos para chamar a atenção para o destino da estação, inaugurada em 1875 e desativada desde 2001, um ano antes da entrada em funcionamento do metro. O MEL compromete-se a apresentar uma proposta para a criação de um novo jardim nos terrenos públicos da antiga estação e lamenta "ter encontrado falta de diálogo por parte do executivo municipal do Porto e da IP - Infraestruturas de Portugal, ausência de respostas e recusa de um verdadeiro processo de discussão pública, transparente e democrático".
Contra o abate de árvores em Serralves
Nos seus princípios programáticos, o MEL inclui a defesa do património verde das cidades, tanto em espaços públicos como privados. Um dos objetivos a curto prazo, segundo referiu o movimento ao JN, passa por "denunciar o abate de azinheiras e outras árvores na Fundação de Serralves para a construção do edifício de ampliação do museu". O MEL garante ainda estar atento ao que se está a passar nas imediações de Serralves, nomeadamente no Parque Urbano da Pasteleira. "É preciso alertar para a ameaça constituída pela abertura de um novo atravessamento rodoviário naquele parque", aponta o movimento, que também recusa o "abate da zona arborizada existente junto do Hotel Ipanema Park, onde a Câmara do Porto pretende construir uma torre de habitação". Ainda no que diz respeito a espaços verdes no Porto, o MEL está atento ao Jardim de Sophia, junto à Praça da Galiza, e garante "lutar para evitar a sua destruição" no âmbito das obras de ampliação do metro, que ali terá como ponto de atravessamento a nova Linha Rosa e cujos trabalhos já decorrem.
Futuro do Parque da Madalena preocupa
O Parque de Campismo da Madalena, em Vila Nova de Gaia, vai deixar de existir como tal e para o local, que conta com um total de 20,8 hectares, está previsto um polo vocacionado para a tecnologia e para o ensino. Isso mesmo foi confirmado no início do ano pela Câmara Municipal de Gaia, que deu conta de um projeto avaliado em 700 milhões de euros, que pretende, de acordo com a Autarquia, "juntar o mundo académico ao profissional, com dimensão para atrair insígnias de magnitude capazes de criar um ecossistema com capacidade de competir a nível mundial". Uma parte dos terrenos, propriedade do fundo Gaia Douro desde 2008 e pelos quais o Município paga uma renda mensal de 19,4 mil euros, continuará disponível para atividades de campismo. O MEL está a par destes desenvolvimentos e pretende evitar o "abate maciço de árvores e de impermeabilização do solo" na área do Parque de Campismo. E promete denunciar a situação e buscar soluções para esta questão, no sentido de se estudar melhor o futuro daquela enorme área verde.
Lavandeira com novo investimento privado
Membro integrante do MEL, o Grupo pela Preservação do Parque da Lavandeira tem centrado a sua ação na defesa daquele espaço público verde do concelho de Vila Nova de Gaia, para onde está anunciada a construção de um novo complexo aquático que pretenderá servir, em particular, o setor da formação. O investimento, avaliado em 10 milhões de euros, está a cargo da rede espanhola de ginásios Supera e prevê um acordo de concessão municipal por um período de 40 anos mediante o pagamento de um milhão de euros. Além de piscinas, o projeto contempla dois ginásios, um spa, um solário e um parque de estacionamento. O concurso público foi aberto em maio do ano passado, a aprovação pela Câmara de Gaia teve lugar no passado mês de março. "O MEL recusa a cedência a um privado de 1,4 hectares do Parque Municipal da Lavandeira para construção e concessão de um equipamento desportivo, com sacrifício de zonas arborizadas de grande valor ecológico", alerta. Recorde-se que a Lavandeira conta já com um Centro de Alto Rendimento.