Os ativistas em protesto pelo movimento "Fim ao Fóssil: Ocupa!" voltaram a fechar, esta quarta-feira, a escola artística António Arroio, em Lisboa. É o segundo dia esta semana que as aulas são suspensas Os protestos continuam em várias escolas e faculdades noutras partes do país.
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Os protestos na António Arroio começaram cedo. Um grupo de ativistas pelo clima fechou o portão da escola com correntes e, à hora do início das aulas, alunos e professores depararam-se, pela segunda vez esta semana, com a possibilidade de não haver aulas.
De acordo com os ativistas, por volta das 9 horas o diretor da escola abriu os cadeados, mas muitos permaneceram na rua sem saber como será o dia de aulas. À porta do edifício principal, os estudantes fizeram uma "corrente humana" para bloquear a entrada, onde colocaram uma faixa grande com as palavras de ordem "Fim ao fóssil. Ocupar hoje para viver amanhã" e outros cartazes presos às grades do portão da secundária. É o segundo dia consecutivo em que os ativistas fecham escola e as aulas são suspensas.
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O diretor da escola, Rui Madeira, reuniu com um grupo de quatro estudantes para os ouvir. Enquanto aguardavam, dezenas de estudantes ecoavam cânticos dentro e fora do recinto escolar ao som de tambores improvisados com contentores do lixo.
Por volta das 12 horas, ficou então decidido que as atividades letivas fiquem suspensas durante o dia de hoje. "O diretor está do nosso lado e quer colaborar connosco dentro do que é possível. Comprometemo-nos a enviar ainda durante a tarde de hoje à direção um comunicado com os nossos planos e reivindicações", contou, ao JN, Leonor Pêra, porta-voz do protesto na escola artística. Na escola permanecem agora cerca de 50 jovens que esperam continuar com as atividades previstas para o dia. Ao contrário do que aconteceu em novembro, os ativistas não estão a pernoitar na escola e desmobilizam-se ao final do dia.
"Tem havido algumas críticas [de outros estudantes] e aderem menos aos protestos, mas não vamos parar até sermos ouvidos", garantiu Leonor Pêra.
Há uma semana que os estudantes arrancaram com uma segunda onda de ocupações nas escolas e universidades para exigir "o fim ao fóssil até 2030" e "eletricidade 100% renovável e acessível para todas as famílias até 2025". Os jovens prometem continuar com as ocupações até que 1500 pessoas se comprometam a "parar o crime dos combustíveis fósseis na sua fonte" ao participar na ação de bloqueio do porto de gás fóssil de Sines, no dia 13 de maio, organizada pela plataforma "Parar o Gás". Neste momento, contam com mais de uma centena de assinaturas.
As ocupações continuam em várias escolas e nas faculdades de Letras (FLUL), de Psicologia (FPUL) e de Belas-Artes (FBAUL) da Universidade de Lisboa, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) e na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). No Liceu Camões, em Lisboa, acamparam durante esta noite cerca de 40 estudantes.
Já na FLUL, os ativistas que pernoitaram no acampamento que montaram no jardim ao lado da faculdade dizem ter recebido uma visita da PSP durante a madrugada. Segundo os estudantes, esta foi a primeira vez, desde que os protestos começaram há uma semana, que a polícia que costuma patrulhar a Cidade Universitária os abordou, fazendo questões sobre a ocupação.
Os protestos começaram na passada quarta-feira, dia 26 de abril, com ocupações no Instituto Superior Técnico, na FLUL, na FPUL e na escola secundária Dona Luísa de Gusmão, em Lisboa, e na Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro.