O social-democrata Hélder Sousa e Silva, vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), garante que a direção liderada por Luísa Salgueiro "tem feito um esforço enorme" para defender os autarcas perante os órgãos de soberania. Mas regista a "tendência condescendente", enquanto tradição nas lideranças da mesma cor. Por isso, sugere um modelo que contrarie essa "partidarização", com cores políticas desencontradas.
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"Nos últimos cinco meses, esta direção tem feito um enorme esforço no sentido de cumprir os fins para os quais a associação foi constituída. O primeiro é a representação e a defesa dos municípios perante os órgãos de soberania", referiu esta quarta-feira, ao JN, Hélder Sousa e Silva, líder dos Autarcas Social Democratas (ASD), quando questionado sobre o desempenho da associação.
"Presente envenenado"
"O problema", diz o autarca de Mafra, "tem a ver com os dois mandatos anteriores, em que a forma de atuar e pactuar na descentralização levou a que caísse no colo" desta direção "o deadline do processo" e um "presente envenenado".
Questionado sobre o facto de a socialista Luísa Salgueiro ser indicada para presidente pelo seu partido, notou que "há sempre tendência natural para que as lideranças da associação sejam condescendentes com a maioria do Governo". O que diz acontecer com qualquer partido. Por isso, defende, para "reflexão futura", que se estude um modelo "de alternância" para que o mesmo partido não lidere, em simultâneo, o Governo e a ANMP.
Pelo contrário, o histórico socialista Mário de Almeida, que foi 12 anos presidente da ANMP, considera que "o facto de a presidência e da maioria na associação serem da mesma cor política do Governo em nada enfraquece a sua posição, pois os problemas das autarquias não divergem quando existem ou não maiorias partidárias no Executivo, na ANMP e na Anafre".
"Abertura do Governo"
Para Maria da Luz Rosinha, que foi presidente da Junta Metropolitana de Lisboa, "a ANMP tem tido uma posição assertiva de quem conhece os problemas".
Por outro lado, a antiga presidente socialista da Câmara de Vila Franca de Xira garantiu, em declarações ao JN, não ter "qualquer dúvida sobre a abertura do Governo para ultrapassar os problemas". A propósito, destacou que este foi "o primeiro Governo a cumprir a Lei das Finanças Locais".