O BE acusou, esta quinta-feira, a Lactogal de utilizar câmaras para controlar os trabalhadores e assim violar a lei, mas a empresa de Oliveira de Azeméis afirma que a observação se restringe às zonas de circulação, por requisitos de qualidade.
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Em comunicado, a coordenação distrital do partido afirma que nessa unidade de laticínios "se utilizam câmaras de videovigilância rotativas que captam e gravam imagens que podem ser acedidas por chefes de produção e outros quadros da empresa".
As câmaras situar-se-ão nos armazéns da empresa e nos corredores das zonas de produção, onde os cerca de 600 funcionários em regime de laboração contínua fazem os seus lanches e pausas. Umas "controlam as entradas e saídas de trabalhadores da casa de banho, numa violação grosseira da lei", enquanto outras filmam os operários na sua atividade laboral, "vigiando-os de forma permanente e remota".
Para o BE, esse controlo vídeo revela-se "inadmissível porque é um atentado à privacidade e aos direitos civis mais básicos, ao mesmo tempo que produz uma pressão permanente sobre os trabalhadores".
"São práticas que fazem lembrar os tempos em que a liberdade era uma miragem e em que o capataz era omnipresente nas fábricas", realça o partido, que já questionou sobre essa situação tanto o Ministério da Justiça como o da Solidariedade, Emprego e Segurança Social.
Questionada pela Lusa sobre o assunto, fonte oficial da Lactogal responde: "É falso que na fábrica de Oliveira de Azeméis haja câmaras de vídeo vigilância rotativas e igualmente falso que algumas estejam direcionadas quer para as entradas das casas de banho, quer para os postos de trabalho".
A mesma fonte admite que a fábrica dispõe de câmaras de videovigilância, mas garante que o seu alcance "se restringe às zonas de circulação, corredores e portas de acesso ao exterior ou que possam ser usadas por pessoal estranho".
"Nenhuma das câmaras pode captar imagens dos balneários e casas de banho ou das zonas de produção", realça.
A fonte da Lactogal informa ainda que a montagem do sistema de videovigilância em utilização na fábrica "foi precedida de autorização pela Comissão Nacional de Proteção de Dados", por resultar da "necessidade de se cumprirem normas internacionais de controlo da qualidade dos produtos alimentares que aí se produzem".
O mesmo sistema também já terá sido "alvo de rigoroso escrutínio por parte da Autoridade para as Condições de Trabalho, que lhe não assacou qualquer irregularidade".