Subiu o tom da "guerra" à Esquerda sobre o Salário Mínimo: o BE acusou esta sexta-feira Jerónimo de Sousa de ter sido "infeliz" e de se mostrar incomodado, ao alegar que o partido desistiu de lutar pelos 600 euros, em 2017. Para os bloquistas, "o Bloco faz e o PCP fala".
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Num artigo de opinião, publicado ao início da tarde no site "Esquerda.net", o deputado Jorge Costa refere que foi o Bloco de Esquerda que obteve, "nas negociações com o PS", a garantia de "aumentos mínimos de 5% ao ano para se atingir os 600 euros, o mais tardar, em janeiro de 2019".
"Daqui a um mês, o salário mínimo será de 557 euros. Parece pouco e é mesmo muito pouco, por padrões europeus ou considerados o peso da inflação e o aumento da produtividade ao longo dos anos, ou ainda a perda real de valor nos anos de congelamento sob a troika. Mas a verdade é que, em 13 meses de solução à Esquerda e apesar de toda a histeria e pressão adversa, o Salário Mínimo passa de 505 para 557 euros", lembra o dirigente, que participou nos grupos de negociação entre o BE e o PS.
Jorge Costa conclui que "é por isso infeliz o modo como Jerónimo de Sousa expressou o incómodo do PCP neste tema".
"Ao dizer que 'o Bloco não acompanha' o PCP na luta pelo salário mínimo de 600 euros, o secretário-geral do PCP finge ignorar o programa do Bloco e as posições dos bloquistas, no parlamento como nos sindicatos e nas empresas, onde partilham inteiramente a reivindicação e o combate pelos 600 euros. Porque o faz? Porque o PCP está incomodado com a comparação dos resultados das diferentes opções tomadas pelos dois partidos durante as negociações com o PS em outubro/novembro de 2015", aponta.
O deputado constata então que se o "Bloco e o PCP reivindicam os 600 euros", há contudo uma grande diferença: "o Bloco fez um acordo com o PS que garante aumentos regulares e a meta dos 600 euros. O PCP limitou-se a reivindicar. O Bloco faz e o PCP fala".
Esta reação surge após fortes críticas, e muito diretas, de Jerónimo de Sousa ao BE sobre esta questão. Quinta-feira e esta sexta-feira, o secretário-geral do PCP acusou os bloquistas de desistirem de se baterem pelos 600 euros de Salário Mínimo Nacional, já em janeiro de 2017.