O programa eleitoral do PS implica um corte nas pensões de 1.660 milhões de euros no período de uma legislatura, acusou esta segunda-feira à noite Catarina Martins no frente a frente que protagonizou com António Costa, na TVI 24.
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De acordo com a coordenadora do Bloco de Esquerda, que levou para o debate o documento dos socialistas sobre o impacto financeiro das suas propostas eleitorais, o PS prevê um congelamento de 250 milhões de euros em 2016, 360 milhões em 2017, 525 milhões em 2018 e igual montante em 2019. "É uma proposta que o coloca à Direita de Manuela Ferreira Leite", acusou.
O secretário-geral do PS não contestou os números. "Com excepção das pensões mínimas, manteremos o congelamento das pensões mais altas", admitiu, ressalvando, no entanto, que "congelar é diferente de cortar" e reiterando o compromisso de "repor os cortes" e de "não aceitar novos cortes". "Prefiro assumir um compromisso menor e depois ir mais além do que prometer agora aquilo que não sei se posso cumprir", justificou António Costa.
O argumento não convenceu a bloquista, que durante o debate voltou sempre à mesma teoria: "o PS, tal como a Direita, vai buscar aos pensionistas os saldos orçamentais. Os pensionistas são os porquinhos mealheiros dos orçamentos do Estado".
E a prova de que Esquerda e Direita se assemelham, continuou, é a Taxa Social Única (TSU). "A medida do PS é um empréstimo de quem trabalha: paga-se menos TSU agora e recebe-se menos no futuro".
Costa rejeitou a interpretação, alegando estar "assente em pressupostos errados". É uma visão que não contempla o emprego que, disse, "temos de fazer tudo por tudo para aumentar".
Mas o emprego, tornou a bloquista, não é defendido pelo PS quando propõe "um regime conciliatório para o despedimento, que mais não é do que um mecanismo de flexibilização, que o torna mais fácil e mais barato".
O líder socialista voltou a rejeitar a crítica e retirou da pasta o programa do PS para provar que essa medida não está lá. O que lá está, alegou, é a ajuda judicial para que o desempregado receba logo a indeminização a quem tem direito e que hoje demora muito tempo a receber".
Na questão da dívida pública, novo desentendimento: o BE insiste na restruturação da dívida ("Aumentou duas vezes mais do que estava previsto no memorando de entendimento", disse) como forma de salvar a economia; o PS acusa o BE de "retórica" e de ignorar a saída do Euro seria "devastadora".