Os diretores executivos das empresas farmacêuticas participam, esta quarta-feira, numa audição pública no Parlamento Europeu, para debater as medidas necessárias para "aumentar a capacidade de produção da vacina contra a covid-19 e otimizar a sua distribuição". A Comissão Europeia (CE) reclama à indústria mais transparência no processo.
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Segundo o presidente do Comissão de Meio Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar (ENVI), na análise feita pela CE, "o sentimento é o de que, até agora, não se verificou uma distribuição não equitativa." Este encontro será, portanto, "fundamental" para "se saber o que aconteceu até agora e o que vai acontecer no futuro".
"Há muitas perguntas a fazer: como vão resolver os problemas de produção, como vão cumprir e até que ponto vão cumprir com os seus compromissos... Temos vindo a pedir transparência desde o início do processo, em agosto", acrescentou hoje Pascal Canfin, em conferência de imprensa.
Quantas doses de vacinas as farmacêuticas serão capazes de produzir numa semana e num mês ou por que motivo se estão a verificar "tantos problemas" na sua produção, são "outras questões nucleares" que terão de ser respondidas, defendeu o eurodeputado francês.
Para Cristian Busoi, presidente da Comissão Indústria e Pesquisa (ITRE), que também marcou presença no briefing com a comunicação social, a audição será uma oportunidade "para analisar o melhor caminho a trilhar e deixar claro às empresas farmacêuticas que terão de cumprir os seus deveres e respeitar os compromissos de entrega de vacinas" aos países da União Europeia.
"Precisamos de mais transparência, de saber exatamente as doses prometidas a cada semana, a cada mês, e quantas foram realmente entregues. Temos de ver por que houve uma visão tão otimista sobre as quantidades, por que têm, agora, este problema de produção, e qual é a real situação em que nos encontramos", defendeu o eurodeputado romeno, que considerou ainda fundamental a CE e os estados-membros, "especialmente, os maiores e mais importantes, exercerem alguma pressão positiva" sobre as empresas farmacêuticas.
Sem dados sobre Portugal
No início deste mês, a Comissão do Ambiente do Parlamento Europeu solicitou aos estados-membros os dados sobre o número de doses de vacinas administradas e os programas de vacinação de cada país, pedindo que fossem "transparentes e disponibilizados numa base mensal." No entanto, a maioria ainda não o fez, Portugal incluído.
De acordo com Pascal Canfin, apenas a Dinamarca, França e Suécia forneceram informações até ao verão, enquanto Alemanha, Polónia, Luxemburgo e Holanda apenas até abril.
Os dados disponíveis, e atualizados na terça-feira, mostram que, até ao final de junho, a Dinamarca poderia vacinar 74,1% da população, a Suécia 68% e a França 57,5%.