José Rodrigues é um dos agentes da PSP que dão aulas sobre esta forma de agressão nas escolas.
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"Ninguém tem que vir para a escola para sofrer. Quando há alguma situação de bullying, temos que dizer a alguém o que se está a passar, denunciar", apela de forma insistente "Tonecas", como é carinhosamente tratado o agente da PSP, José Rodrigues, pela comunidade escolar de São João da Madeira. Perante uma turma do 6.º ano da Escola EB 2,3 Dr. Serafim Leite, é o agente que dá a aula. Cumpre, assim, mais uma das mais de 20 mil sessões de esclarecimento, promovidas pela PSP desde 2013, no âmbito da programa de prevenção criminal em meio escolar "Bullying é para fracos".
De voz um pouco embargada e quase perdida no meio da aula de Cidadania, um aluno deixava escapar que as denúncias não aconteciam porque "os outros alunos ameaçam".
"Não podemos ter medo, estas situações não podem ficar para nós", respondia o agente, reconhecendo que as vítimas "sofrem muito para dentro". E, em tom assertivo, dava uma garantia aos presentes. "Não se deixem pisar, não tenham medo. Resolvemos todas as situações que temos conhecimento, todas mesmo".
"Estou há mais de 20 anos ligado às escolas e sinto que os alunos recorrem cada vez mais a nós"
aluna em lágrimas
Com recurso a histórias vividas na comunidade escolar e com a projeção de imagens, José Rodrigues dá exemplo de vários tipos de agressão, ressalvando que nem todas são bullying. Esta situação verifica-se quando há uma atuação reiterada e não um acontecimento pontual, descreve.
E, durante a projeção de imagens sobre o cyberbullying, que o agente diz ser a realidade em contexto escolar que mais o preocupa, uma das alunas não conseguiu conter as lágrimas, apesar do esforço notório para o evitar. Emoção que não passou despercebida a "Tonecas", antecipando que ali poderia estar um dos casos "silenciosos" que tanto pediu para serem denunciados. "Queres dizer alguma coisa? No fim da aula falamos", garantiu à jovem estudante, perante o silêncio da mesma. "Temos que nos libertar, contar o que se está a passar", voltou a lembrar, de imediato, à turma, ao mesmo tempo que alertava para o bullying nas redes sociais. "Alguns de vocês usam redes sociais, como o WhatsApp, para criarem os grupos da turma e muitas vezes para tratarem mal os colegas e trocarem imagens indevidas".
"Ninguém tem que vir para a escola sofrer", insiste. "A escola é um local para serem felizes, não se esqueçam". Ao JN, a professora da disciplina de Cidadania, Marta Almeida, falou no crescimento de "conflitos entre os alunos e a falta de respeito. São importantes estes tipos de iniciativas. "Alguns alunos reagem cada vez mais impulsivamente", alertou.