Caloiros obrigados a pagar 1,5 euros para dormidas e jantares de líderes da praxe
Os alunos do primeiro ano da Universidade de Aveiro tiveram de pagar 1,5 euros por um "kit", cujo dinheiro serviria para financiar as dormidas e os jantares de vários líderes de praxe.
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A revolta está instalada no seio dos caloiros da Universidade de Aveiro (UA). Tudo porque o Conselho do Salgado (denominação aveirense para "Comissão de Praxe") exigiu aos alunos do primeiro ano, que quisessem participar numa atividade praxista que decorreu na quarta-feira, o pagamento obrigatório de 1,5 euros para levantamento de um "kit". O dinheiro serviria para financiar as dormidas e os jantares de vários líderes de praxe, de todo o país, que se vão reunir num encontro, no próximo fim de semana, em Aveiro.
As queixas dos alunos foram enviadas para vários órgãos de comunicação social e chegaram, também, à Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), que, de imediato, tomou uma posição pública sobre o assunto, afirmando que é "permanentemente contra a cobrança de dinheiros em atos de praxe".
Em comunicado, a associação, liderada por Xavier Vieira, avança, ainda, que, "ao longo dos últimos dias, os responsáveis pela praxe da Academia de Aveiro reuniram por diversas vezes com a direção da AAUAv" e que, nesses encontros, "exigiram que a associação financiasse jantares e estadias de vários líderes da praxe, de diferentes universidades do país".
A AAUAv mostrou-se indisponível para subsidiar a atividade - que terá custos a rondar os 1300 euros - e, por isso, os responsáveis da Comissão de Faina optaram por cobrar aos caloiros a participação numa atividade praxista que decorreu na quarta-feira. Num email enviado aos alunos, a comissão de praxe aveirense convocava-os para a atividade (denominada "Roncada"). "Será entregue a cada aluvião [caloiro] um kit comemorativo, que terá um custo de 1,5 euros e cujo levantamento é de cariz obrigatório", lia-se na missiva. "Retomamos, assim, o método de gestão aplicado até há quatro anos", acrescentavam.
O certo é que a associação académica, na posição pública que tomou, já veio esclarecer que "faz precisamente este mês dois anos que os responsáveis pela praxe da Academia assinaram um Memorando de Entendimento, onde se comprometeram à não realização de peditórios, taxas, vendas de bens ou contribuições monetárias em qualquer atividade praxista no seio da universidade". O documento foi assinado, na altura, pelo presidente da direção da AAUAv, pelo Mestre do Salgado (líder da praxe) e pelo provedor do estudante da UA.