Concurso público no valor de 1,2 milhões de euros prevê plataforma informática. Zonas de caça obrigadas a contar animais de grande porte.
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Portugal vai criar uma rede de monitorização de animais selvagens que faça um censo e o atualize de forma periódica. A Secretaria de Estado das Florestas planeia comprar câmaras de vigilância e uma plataforma informática, operadas por uma rede de instituições locais. O concurso público, no valor de 1,2 milhões de euros, já terá sido lançado. O censo incluirá a fauna cinegética (de caça).
O recenseamento permitirá saber quantos animais de cada espécie existem, disse ao JN o secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território. Para isso, João Paulo Catarino prevê lançar um concurso público internacional: "Será um investimento de 1,2 milhões de euros para comprar o sistema, incluindo câmaras de filmar e uma plataforma informática onde informação será inserida".
O processo será coordenado pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF), mas, no terreno, será desenvolvido por uma rede nacional de monitorização da fauna selvagem e cinegética, composta por entidades como câmaras municipais ou organizações do setor da caça e de produtores florestais.
Rede no terreno
Serão estas as entidades responsáveis por escolher os locais e instalar as câmaras de filmar, apropriadas para "controlar os animais destas espécies que passam num determinado local", afirmou. As mesmas entidades serão também responsáveis pelo apoio logístico.
Uma vez montado o sistema, serão recolhidos os dados para o censo nacional da fauna selvagem. "Vai dando reporte à medida do que precisarmos e quisermos: diário, semanal ou mensal", exemplificou.
Quanto às espécies cinegéticas, a cargo das zonas de caça, João Paulo Catarino disse que o recenseamento nacional não será suficiente. "Teremos que fazer localmente, em função da entidade gestora, um censo populacional mais próximo". Aqui, o levantamento será mais detalhado, recorrendo inclusive a "métodos visuais" de recolha de informação.
Serão recolhidos dados de todas as espécies cinegéticas, mas os das espécies de maior porte serão obrigatórios para que cada zona de caça calcule quantos animais poderá abater na época seguinte. "A caça está pensada na perspetiva do equilíbrio dos ecossistemas. Só podemos caçar o que estiver a mais", justificou João Paulo Catarino. Para isso, acrescentou o secretário de Estado, "precisamos de saber os números das espécies que existem no território".
À lupa
Espécies de caça com censo obrigatório
As zonas de caça vão participar no levantamento de dados sobre todas as espécies cinegéticas, mas essa recolha será obrigatória para animais de grande porte como javalis, gamos ou corsos.
"Big brother"?
João Paulo Catarino garante que a rede de câmaras não será um "Big brother para o país todo". As câmaras serão instaladas apenas nos locais de passagem de animais selvagens.
Câmaras contra fogo
Várias autarquias do país já instalaram câmaras, em locais estratégicos da floresta, para detetar o aparecimento de incêndios florestais. São diferentes da rede que será agora criada.