Época de caça a oito espécies começa hoje, condicionada pela proibição de acesso a florestas. Em 2021/2022 houve 115 mil licenças emitidas.
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O número de licenças de caça emitidas pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) aumentou para 115 726 na época passada, depois de três anos em queda. A partir de hoje começa a época de caça a oito espécies cinegéticas, mas a situação de alerta vai condicionar a atividade pelo menos nos primeiros três dias, até terça-feira, pois é proibido aceder a zonas florestais.
A diminuição do número de caçadores verificava-se desde a época 2017/2018. Naquele período, o ICNF emitiu 124 499 licenças e, em 2020/2021, o número já tinha caído para 111 928, menos 12 571. Na época passada, a de 2021/2022, subiu para 115 726. A licença nacional é a preferida para 38 817 caçadores e registou um aumento de 834 face a 2020/2021. As licenças regionais também aumentaram em todas as regiões. Já as autorizações de caça para não residentes, destinadas a estrangeiros que quiseram caçar em Portugal, mais do que duplicaram, passando de 826 para 1850 títulos emitidos.
Hoje começa uma das alturas mais importantes do calendário venatório. O ICNF ainda não tem números para a nova época, uma vez que muitas licenças só vão ser requeridas em outubro quando começar o período de caça à raposa. A partir de hoje, passa a ser permitido caçar mais oito espécies (pato-real, galeirão, galinha- -d"água, pombo-da-rocha, pombo- torcaz, pombo-bravo, pega-rabuda e gralha-preta), para além das cinco que já eram permitidas desde junho (javali, veado, gamo, corço e muflão) e que se mantêm.
No entanto, é um arranque a meio gás devido à situação de alerta decretada pelo Governo por causa dos incêndios. O despacho de seis ministérios publicado ontem proíbe o "acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais" e "nos caminhos florestais, caminhos rurais e outras vias que os atravessem".
A proibição apanhou os caçadores de surpresa na véspera de começar uma altura importante do calendário venatório. "É um condicionamento muito forte e muito severo" à atividade cinegética, conclui Vítor Palmilha, presidente da Confederação Nacional dos Caçadores Portugueses (CNCP). O dirigente lembra que em 2018 "o Ministério da Agricultura e Florestas fez uma campanha em que gastou milhares de euros para fazer de cada caçador um vigilante" e agora está a tirá-los da floresta na altura mais sensível: "Somos vigilantes da natureza e no dia da caça não podemos ir e temos de deixar os incendiários lá sozinhos sem problema nenhum para incendiar? Não faz qualquer sentido".
O presidente da CNCP explica que o Governo podia ter excecionado a atividade "até às 10 horas, que já deixava todos satisfeitos".
expectativa é muito baixa
Com a proibição de acesso à floresta, resta aos caçadores a prática da atividade em zonas agrícolas, onde a caça "continua permitida", desde que "o acesso não se faça por zonas e caminhos florestais", esclarece o presidente da CNCP.
Mas os condicionalismos da situação de alerta não são a única preocupação dos caçadores no arranque da época de caça aos pombos e patos, pois os efeitos da seca e dos incêndios também se vão sentir nesta atividade. "A expectativa é muito baixa. Nos pombos, a norte do Tejo, com as áreas ardidas, vai ser uma lástima. A nível de patos vai ser muito fraco porque as lagoas secaram praticamente todas", lamenta Hélder Ramos, presidente da Federação Portuguesa de Caçadores.
O responsável revela ainda que o número de licenças não corresponde ao número de caçadores, pois "há uma grande parte a tirar a licença só para conseguir ter o uso e porte de arma ativo". É que para o ter o título de uso e porte de arma é preciso que o utilizador tenha três anos seguidos de licença de caça ou cinco interpolados.
Guardas em greve
Os guardas-florestais do SEPNA/ GNR estão em greve, hoje, durante 24 horas, para exigir do Ministério da Administração Interna a reabertura do processo negocial por melhores condições laborais que foi suspenso há três semanas. Propõem um calendário negocial.
Três tipos de licença
Há três tipos de licença de caça. A nacional custa 67,81 euros e permite caçar em todo o país durante um ano. A regional custa 38,87 e permite apenas caçar na região correspondente durante um ano. A licença para não residentes permite caçar durante 30 dias (67,81 euros) ou um ano (131,32 euros).