Candidatos à IL querem partido "sem barões" e a fazer mais do que "cócegas ao sistema"
Os três candidatos à liderança da IL discursaram, este sábado, na convenção do partido, um dia antes de irem a votos.
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Rui Rocha disse não querer apenas "fazer cócegas ao sistema" mas sim "mudar Portugal", Carla Castro pediu um partido "sem barões nem caciques" e José Cardoso foi crítico de ambos os adversários, considerando-os mais do "mesmo arroz". Os dois primeiros dividiram entre si a maioria dos aplausos que ecoaram na sala.
Na convenção da IL, em Lisboa, Rui Rocha considerou "inevitável" que o partido se torne na terceira força política do país. O candidato salientou que o objetivo dos liberais tem de ser o "rompimento do bipartidarismo".
No entanto, para que tal aconteça, "não basta dizer que queremos ser a terceira força política", frisou, numa crítica implícita às outras duas candidaturas, que têm dito que querem ser um partido de Governo". Nesse sentido, ter 8% ou 9% nas eleições não é suficiente: "Eu não quero fazer cócegas ao sistema, eu quero mudar Portugal", referiu.
Insistindo na crítica ao bipartidarismo, Rui Rocha deu o exemplo dos debates quinzenais no Parlamento, que foram extintos por acordo entre PS e PSD e que "ainda não ressuscitaram". Lamentou que a questão do novo aeroporto de Lisboa seja "decidida entre quatro paredes por Luís Montenegro e António Costa", acusando ainda o PSD de "fazer na Madeira o que o PS faz no Governo nacional".
O candidato prometeu mais financiamento aos núcleos e um partido "ao serviço dos pequenos empresários". Também assegurou que os liberais vão "sair unidos desta extraordinária convenção, seja qual for o resultado".
Carla Castro não quer partido de "paus mandados"
Carla Castro disse lutar por um partido cujos militantes "são livres" e não "paus mandados" que aceitam que lhes digam "quem deve ser o presidente". Ou seja, uma IL "sem barões nem caciques", atirou, recebendo muitas palmas. Tal como Rui Rocha, também a deputada eleita por Lisboa pediu um partido "unido dentro para vencer fora".
Aos defensores da "continuidade em toda a linha", Carla Castro alertou que a IL tem de "dar corda aos sapatos" para fazer frente a um Governo "em decomposição". Apontando baterias ao PSD "sem caixa de ressonância do país real", considerou que "quem espera que o poder lhe caia nos pés mais depressa leva com os pés do que chega ao poder".
Carla Castro salientou também a importância de o partido ter "uma transparência implacável" e órgãos "fortes e independentes". Apelando a que a IL combata a "tirania" de que os políticos são "todos iguais", sustentou, a propósito do poder local, que qualquer liberal "dará um melhor autarca do que um 'boy' ou uma 'girl' de PS ou PSD".
José Cardoso: "O tempo da startup política acabou"
José Cardoso, o último candidato a entrar na corrida, pretende fazer da IL um partido "diferente daqueles que nos venderam arroz durante 30 anos". Cardoso criticou Rui Rocha e Carla Castro por apenas terem feito "duas ou três intervenções" ao longo de vários anos no Conselho Nacional", órgão no qual apresentaram um total de "zero" propostas.
O candidato disse não querer para a IL uma liderança "que seca tudo à sua volta", mas sim uma que envolva todos os militantes. Também frisou que, face ao crescimento do partido, o tempo da "startup política" acabou, tendo agora os liberais o desafio de construir um "projeto político sólido".
Nesse sentido, para José Cardoso, a IL não pode passar "70% ou 80% do tempo" a "criticar o PS", devendo centrar-se nos problemas dos portugueses comuns. "No final do dia, as pessoas não votam em liberalismo ou em socialismo, votam em quem lhes resolve os problemas", argumentou.
A IL escolhe este domingo o sucessor de João Cotrim Figueiredo. Será o quarto líder do partido em pouco mais de cinco anos.