Está aberta a guerra das sondagens no Porto. Rui Moreira acusa Católica de fraude. A Universidade nega.
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As sondagens que a Universidade Católica executou para a RTP/Antena 1 (esta quarta-feira) e para o JN (22 de setembro), que dão um empate técnico entre as candidaturas de Manuel Pizarro e do movimento Independente, estão debaixo de fogo de Rui Moreira, que fala em "fraude". A Universidade Católica responde que não existe para "agradar a partidos ou candidatos".
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O movimento de Rui Moreira publicou esta quinta-feira um comunicado intitulado "Sondagens Falsas" onde afirma que a sondagem realizada pela Universidade Católica e divulgada pela RTP e Antena 1 apresenta "erros grosseiros nos seus questionários e metodologias".
As acusações de Rui Moreira suscitaram, entretanto, um esclarecimento do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da Universidade Católica. Para além de uma explicação detalhada sobre a metodologia seguida na execução das sondagens (tanto na que fez para a RTP/Antena 1, como na que fez para o JN e que foi divulgada a 22 de setembro), os seus responsáveis lembram que o CESOP "não existe para agradar a partidos ou candidatos, nem para servir as respetivas agendas de campanha".
A nota do movimento de Rui Moreira alega a existência, "nos últimos meses", de "uma operação que visa manipular a opinião pública e condicionar o sentido de voto no Porto por diversos meios e formas". Sendo que a sondagem revelada pela RTP/Antena 1 dá um empate entre Rui Moreira e Manuel Pizarro, ambos com 34% das intenções de voto à Câmara Municipal do Porto, enquanto a que foi revelada pelo JN atribuía 34% a Moreira e 33% a Pizarro.
O comunicado contesta o resultado com base no que apelida de "erros grosseiros", salientando "a omissão do nome de Rui Moreira entre as opções apresentadas aos inquiridos, quando este faz parte da designação oficial da candidatura e do boletim de voto", que "a sigla foi omitida e o símbolo foi alterado", mas criticando também a questão formulada no inquérito: "Em que partido vota".
Além disso, prossegue o movimento, "no que restou da designação da candidatura (...) a própria descrição do nome contém erros. O comunicado critica ainda o facto de a intenção de voto não ter sido declarada ou depositada em urna, mas "assinalada através de um ecrã de telemóvel, que apresentava informação deturpada e omissões graves, também em relação a outras candidaturas".
As críticas prendem-se ainda com o facto de incluir como opção de voto "uma segunda candidatura independente que não existe, também com a palavra "Porto" na designação, apresentando 10 opções aos inquiridos, quando apenas nove se apresentam a eleições". Por último, contesta o facto de as sondagens terem sido realizadas apenas em algumas freguesias, não revelando a Católica quais foram as selecionadas.
O CESOP da Universidade Católica rejeita estas acusações e explica os seus procedimentos. Desde logo, que a lista de candidatos e a designação das candidaturas "foi construída a partir dos dados disponíveis no site da Comissão Nacional de Eleições" e que cada inquiridor "tinha uma folha com a simulação do boletim" de voto para que cada inquirido pudesse "identificar a posição relativa do partido em que pretendia votar".
A simulação de voto não foi feita através do depósito em urna, mas através de um dispositivo móvel. E é só quando é feita a pergunta sobre a intenção de voto que o dispositivo é passado para a mão do inquirido, sendo que "este escolhe a opção pretendida em total confidencialidade e anonimato e termina o inquérito". A Católica divulga igualmente uma imagem do ecrã do dispositivo, onde se vê que o movimento de Rui Moreira está claramente identificado.
As simulações de voto
Quanto à acusação de Rui Moreira, segundo a qual a sondagem foi realizada em apenas algumas da freguesias da cidade, que a Universidade Católica não divulga, os responsáveis do CESOP respondem que essa lista pode ser encontrada no depósito que é sempre feito junto da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Por outro lado, acrescentam que "as seis freguesias foram selecionadas para a amostra de modo a que as médias dos resultados eleitorais das eleições autárquicas de 2005, 2009 e 2013 nesse conjunto de freguesias (ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma) estivesse a menos de 1% dos resultados das cinco listas mais votadas ao nível do concelho". Resumindo, foram escolhidas as chamadas freguesias-tipo.
Ainda antes dos esclarecimentos do CESOP da Universidade Católica, o movimento de Rui Moreira lançara a suspeita de que "estas operações têm autores e várias facetas que visam impedir o Porto livre e independente de pensar pela sua cabeça e de volta a ganhar umas eleições que tanto incomodaram os diretórios dos partidos em Lisboa, a 29 de setembro de 2013, lembrando também "a tentativa de impugnar a própria candidatura e de impedir que o nome de Rui Moreira fosse usado nos boletins de voto".
A Universidade Católica não responde diretamente às acusações, mas lembra que o CESOP "é uma entidade autónoma, independente e apartidária" e ainda que os seus estudos têm revelado "elevada fiabilidade". E recorda ainda o exemplo do Porto, nas eleições autárquicas de 2013, em que a sondagem do CESOP, divulgada a 26 de setembro desse ano, e "contra as sondagens conhecidas, apontou Rui Moreira com vantagem na eleição para a Câmara do Porto".
A sondagem do CESOP da Universidade Católica para a RTP/Antena 1 divulgada esta quinta-feira aponta para um empate entre o independente Rui Moreira e o socialista Manuel Pizarro (34%), atribui 9% a Álvaro a Almeida (PSD), 8% a Ilda Figueiredo (CDU), 7% a Teixeira Lopes (BE) e 2% a Bebiana Cunha (PAN).
A sondagem realizada pelo CESOP para o JN, divulgada a 22 de setembro, e seguindo a mesma metodologia, apresentava resultados muito semelhantes, mas com ligeira vantagem para Rui Moreira, para o qual se estimava então um resultado de 34%. Manuel Pizarro marcava 33%, Álvaro Almeida 11%, Ilda Figueiredo 8%, Teixeira Lopes 6% e Bebiana Cunha 2%.