Médicos-veterinários a entubar doentes, como contam os desesperados relatos de Itália? É possível e os veterinários portugueses dizem-se preparados.
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"Oxalá não sejam precisos", diz o presidente da Ordem, Jorge Cid. Para já, centenas destes profissionais mobilizam-se para ajuda aos pares da medicina humana. E estes, concordam? A Ordem dos Médicos agradece o apoio, mas diz que espera travar o vírus com os meios já existentes.
Um batalhão de veterinários ("seiscentos e muitos", diz o bastonário) oferece-se para combate ao novo coronavírus. Se necessário, para a primeira linha, como já se verifica no desespero da Lombardia. "Também reunimos 65 ventiladores, monitores, concentradores de oxigénio e outros aparelhos, que os hospitais já começaram a reter. Mas ainda não foi solicitada a ajuda dos nossos médicos. Também oferecemos sete laboratórios de medicina veterinária, privados, que estão aptos para a realização de testes. Ainda não foram solicitados", afirma ao JN o bastonário dos veterinários.
Aparelhos são os mesmos
"Competências? Vamos lá ver: o médico-veterinário não vai fazer tratamento de primeira linha nem prescrever o tipo de tratamento, mas poderá, em caso de necessidade, cumprir os cuidados determinados pelos médicos. Os médicos-veterinários estão habituados a mexer nos ventiladores, nos monitores cardíacos, nos monitores multiparamétricos. Têm os mesmos conhecimentos dos médicos, mas adaptados a animais. Muitos dos aparelhos que nós usamos são os mesmos. As análises, o manuseamento do material para laboratório também têm procedimento igual", afirma Jorge Cid, que, em circunstâncias extremas, garante profissionais habilitados e "aptos a tudo", até a atos médicos improváveis.
"Entubar um doente? Espero que não se chegue a esse ponto. A controlar, sim. O veterinário está habilitado a olhar para um ventilador, para um monitor, saber dos parâmetros que deve vigiar e o que deve fazer em caso de urgência. Mas, neste caso, terá sempre de ser ajuda na retaguarda dos médicos", diz Jorge Cid.
"Num cenário extremo - conclui o bastonário -, toda a gente faz tudo. Mas é evidente que nós não podemos tratar pessoas, embora tenhamos as mesmas qualificações em diversas cadeiras", conclui o bastonário dos médicos-veterinários.
A Ordem dos Médicos mostra-se grata, mas conta não necessitar do apoio: "Agradecemos a enorme solidariedade demonstrada pelos médicos-veterinários. Acreditamos que se as autoridades seguirem as medidas que têm vindo a ser recomendadas, nomeadamente em termos de utilização de equipamentos de proteção individual e massificação dos testes, será possível dar uma boa resposta ao surto com os recursos já existentes", diz fonte da classe.