O Hospital de S. José, integrado no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, acolhe o primeiro e único Centro de Responsabilidade Integrado de Traumatologia Ortopédica do país desde março do ano passado. Trata-se de uma assistência muito especializada e qualificada, centrada no doente, garantida por uma equipa multidisciplinar de cinco especialistas, que se dedicam, sobretudo, a tratar vítimas de acidentes e de quedas, incluindo dos novos tipos de mobilidade que crescem na capital, como trotinetas.
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O centro, dirigido por João Varandas Fernandes, serve uma região com mais de quatro milhões de habitantes e dá resposta não só a casos que chegam à urgência do Lisboa Central, como a situações mais complexas que entram noutros hospitais de Lisboa e Vale do Tejo e da região Sul. Também funciona como centro de investigação e ensino, com ligação à Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa.
"Além de dar assistência a todos os doentes politraumatizados do centro hospitalar [Lisboa Central], recebemos doentes de vários hospitais com politraumas complexos. O nosso foco é o traumatismo e proporcionarmos uma resposta integrada", esclarece Varandas Fernandes ao JN, assinalando um novo caminho que está a ser trilhado para conforto do doente.
Diagnóstico social
A equipa do centro de responsabilidade integrado está a desenvolver um processo de afiliação com outros hospitais e já se deslocou aos hospitais de Abrantes e de Barreiro-Montijo para realizar cirurgias.
"Quando as condições permitem, há a possibilidade de nos deslocarmos ao local onde o doente está internado e operá-lo nesse hospital", concretiza. Fruto de uma gestão autónoma, que visa responder às necessidades onde quer que elas estejam e dentro da capacidade da própria equipa. Aliás, está a ser ultimado um processo de cooperação com o Hospital de Angra do Heroísmo, no arquipélago dos Açores, para garantir um "intercâmbio científico e técnico", permitindo, por exemplo, que a equipa daquele centro vá operar pacientes na ilha Terceira.
Também está a ser implementada a cirurgia de ambulatório, que facilitará a resolução de casos de menor gravidade que aguardam internamento para cirurgia. Nessas situações, o doente é operado e vai no mesmo dia para casa, não necessitando de internamento.
No momento de avaliação do doente, a equipa multidisciplinar do centro não se limita a tratar o traumatismo no corpo, mas também a avaliar o contexto social do doente. "Temos conseguido minorar um grande número de casos sociais", graças à "presença constante de um assistente social", que consegue diagnosticar precocemente problemas sociais e procurar soluções, como, por exemplo, garantir uma localização adequada para o doente pós-alta.
Pormenores
Internamento - O Centro de Responsabilidade Integrado de Traumatologia Ortopédica tem instalações no Hospital de S. José e dispõe de 23 camas de internamento.
Acompanhamento - O centro faz o acompanhamento dos doentes 48 horas depois de terem alta. A equipa de enfermagem contacta-o para saber como está a recuperar.
Estudo das sequelas - Está a elaborar um estudo sobre as sequelas de novos tipos de acidente, como os de trotinetas. Ficará concluído no final deste ano.