Apenas metade das 1500 estruturas do país, com cerca de 150 mil utentes, deve arrancar na próxima semana. Espaços e atividades estão a ser readaptados para garantir distanciamento.
Corpo do artigo
À exceção da Área Metropolitana de Lisboa, que se mantém em situação de contingência, os centros de dia do país podem abrir as portas a partir deste sábado, embora os que funcionem com outras respostas acopladas precisem de uma avaliação prévia da Segurança Social e da autoridade de saúde local.
Por esta razão, a Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade (CNIS) acredita que apenas metade das estruturas vai arrancar imediatamente. "E esta metade não começará com ocupação de 100%, mas talvez de 50%", adianta o dirigente, padre Lino Maia.
No universo de instituições tuteladas pela CNIS e pela União de Misericórdias Portuguesas (UMP) haverá cerca de 1500 centros de dia, metade deles sem estarem acopladas a outras valências sociais. Serão estas estruturas que Lino Maia acredita estarem prontas para abrir na próxima segunda-feira.
"Temos muitos centros de dia que funcionam com instalações comuns a outras valências. Nesses casos, não há condições para acelerar o processo. Depois, haverá instituições que têm possibilidades de criar instalações alternativas", explica o dirigente, apontando para setembro a retoma da normalidade destes espaços, frequentados por cerca de 150 mil utentes no país.
12505653
Agosto é para reparações
O Centro Social da Paróquia de Gualtar, em Braga, é um dos casos que alberga, no mesmo edifício, o centro de dia, a creche e a pré-escola. Na próxima segunda-feira, ainda não abrirão portas, "porque o mês de agosto já costuma ser para desinfeção e reparações", explica o cónego Avelino Amorim.
O responsável aponta a reabertura para 1 de setembro, com "todas as condições" para receber os utentes, uma vez que as entradas para as crianças e idosos são diferenciadas e não há partilha de salas.
Diminuir proximidade
Esta semana, os colaboradores já começaram a organizar as divisões, entre a sala de estar e o refeitório. Na mesa de atividades manuais, onde costumavam juntar-se até dez idosos, estão agora apenas quatro cadeiras. No corredor, as janelas estão todas abertas e as cadeiras que estavam alinhadas à esquerda foram espalhadas, para permitir o distanciamento entre utentes. A sinalética já está a ser preparada para definir entradas e saídas. Junto ao elevador, está prevista a "zona suja", onde haverá troca de sapatos e serão desinfetados materiais, como bengalas e cadeiras de rodas, como determinam as regras da DGS.
12089583
A diretora-técnica acrescenta que o mapa de atividades também está a ser adaptado às novas regras. "Vamos ter que fazer grupos, gerir os espaços e a andar a outro ritmo", admite Célia Ribeiro, sublinhando que os materiais de pintura e outros utensílios passarão a ser individuais e haverá, por exemplo, "cuidados redobrados" no cumprimento de distâncias.
"Eles gostavam muito de se ajudar uns aos outros", recorda a profissional, adiantando que são esperados até 16 idosos na reabertura, quando tinham 24 antes da pandemia. "Alguns, ainda, preferem manter o apoio domiciliário. Ainda há receios de voltar", elucida.
Manuel Lemos, da UMP, diz que as reaberturas devem ser feitas "com bom-senso". "Ninguém quer correr riscos", conclui.