Sofia Ravara, pneumologista e docente na Universidade da Beira Interior, falou ao JN sobre o consumo dos cigarros eletrónicos.
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Há malefícios comprovados na saúde resultantes do consumo do cigarro eletrónico?
Estou agora a participar numa revisão sistemática da Organização Mundial de Saúde [OMS] sobre os efeitos na saúde dos cigarros eletrónicos e a evidência é avassaladora. Cada vez há mais evidência: na saúde oral, na saúde cardiovascular, na saúde cardiorrespiratória, no cancro, etc.. Não deve ser tratado como um produto de consumo qualquer, mas sim como um produto altamente nocivo. Infelizmente, com o tempo, haverá provas disso. Embora já exista cada vez mais evidência sugestiva. Sabemos que, geralmente, a duração do consumo é o grande determinante do aparecimento da doença e da morte prematura no fumador. Os cigarros eletrónicos são produtos nocivos e vão, com certeza, ser responsáveis por aumentar a carga de doença que é totalmente prevenível se as pessoas não consumirem.
Como travar o aumento do consumo?
Os impostos são a medida mais eficaz, com impacto no preço, para a redução do consumo. Todos os anos, a OMS faz campanhas sobre as políticas de controlo de tabagismo e houve um ano que era dedicado aos impostos do tabaco. O lema era "Impostos que salvam vidas". Estes impostos salvam vidas. Com a evidência crescente, devíamos atuar, agora, para evitar que as pessoas morram. E atuar é com legislação e regulamentação. Ou seja, proibir a publicidade descarada que existe, ainda por cima em meios difíceis de regular. Sabemos que existe no cinema e nas séries.