A ordenação de cinco novos sacerdotes, este domingo, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, vem trazer mais alguma normalidade à Igreja. Lisboa é a primeira diocese do país a realizar ordenações após a quarentena causada pela pandemia de covid-19.
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Em Braga, três diáconos também são ordenados este domingo e com as mesmas regras: a presença na cerimónia é feita por convite e na presença de um número reduzido de familiares e de membros do clero, todos com máscara e com as mãos desinfetadas com álcool gel.
Por causa das limitações impostas pela covid, Gonzalo Palácios, natural de Sevilha, Espanha, e Eduardo López, oriundo da Guatemala, serão ordenados padres sem a presença de qualquer familiar. Com as fronteiras fechadas, pais e irmãos dos sacerdotes não conseguiram viajar para Portugal.
Mesmo assim, "apesar das contingências", D. Manuel Clemente, o cardeal patriarca de Lisboa, avançou com as cerimónias. "A Igreja tem que avançar, com cuidado e cumprindo as normas da Direção-Geral de Saúde (DGS), mas tem que continuar e dar o exemplo de que é possível viver nesta nova normalidade", disse ao JN fonte da Diocese de Lisboa.
Em 2019, e tendo em conta a redução no número de ordenações, em Lisboa houve apenas dois novos padres e seis Diáconos Permanentes. No resto do país, a situação é semelhante: "há cada vez menos vocações mas nota-se que as vocações são cada vez mais consistentes", afirmou a mesma fonte.
De acordo com o Anuário Católico, vivem em Portugal 2882 sacerdotes, distribuídos por 20 dioceses e 4500 paróquias. A crise de vocações é de tal forma grave que, em 2019, o Papa Francisco, durante o Sínodo sobre a Amazónia, colocou à discussão a ordenação de homens casados apenas naquela região. O relatório final, assinado por 185 bispos, não aprovou a proposta mas também não a recusou em absoluto. O documento "Querida Amazónia", onde estão escritas as conclusões, pede mais aprofundamento na discussão, consciente de que, ao abrir uma exceção para a ordenação de homens casados na Amazónia, mais tarde ou mais cedo, teria de ser tomada uma decisão idêntica para outras regiões do planeta.
Quem são os 5 novos padres
Gonzalo Palácios, 38 anos, natural de Sevilha. É oriundo da Comunidade Neocatecumenal e desistiu do curso de Direito para ir para o seminário.
Eduardo López, 30 anos, da Guatemala, queria ser engenheiro mecânico mas depois de fazer parte da Comunidade Neocatecumenal, decidiu ser padre.
Mendo Ataíde, 29 anos, estudou no Colégio Militar, formou-se Gestão na UCP e fez um mestrado. Trocou Gestão por Teologia.
Tomás Castel-Branco, 28 anos, estudou nos Salesianos e fez parte das Equipas de Jovens de Nossa Senhora. O sacerdócio é a realização de um sonho.
Artur Delgado, 46 anos, teve várias experiências de voluntariado em diversos países. É o mais velho dos novos sacerdotes.