Primeiro subscritor de carta de católicos a pedir investigação aos abusos sexuais na Igreja portuguesa elogia "coragem" da Conferência Episcopal Portuguesa.
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O trabalho da comissão independente para estudo dos abusos de menores na Igreja "deve ajudar a perceber a necessidade de reformar" a instituição, "dando mais voz aos leigos". Esse é o desejo de Nuno Caiado, primeiro subscritor de carta aberta a pedir à Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) uma investigação aos abusos.
Uma vontade expressa numa missiva que o técnico de reinserção social enviou a D. José Ornelas, líder da CEP e à qual o "Jornal de Notícias" teve acesso. No texto, Nuno Caiado agradece a "coragem" da CEP por "finalmente" lançar uma investigação desta natureza e enaltece a "sábia escolha" das pessoas que integram a comissão, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que dão "garantias de independência".
"Julgo não errar ao interpretar o sentimento da maioria daqueles católicos, senão mesmo da totalidade: alegria e alívio por o seu pedido ter sido ouvido, respondido pelos seus pastores", pode ler-se na carta enviada a D. José Ornelas, com conhecimento aos bispos portugueses e ao núncio apostólico.
Reconhecendo que alguns dos católicos que pediram a investigação preferiam outro modelo, Nuno Caiado acredita que, "pela sua conhecida integridade ética e elevada competência profissional", as pessoas que integram a comissão "colmatarão eventuais dificuldades".
Na carta, Nuno Caiado nota, no entanto, que ainda há questões sobre o funcionamento da comissão que se desconhecem, nomeadamente "metodologias de trabalho e âmbitos, incluindo o acesso a arquivos diocesanos, de seminários, ordens religiosas", que são "determinantes para o seu sucesso".