André Ventura foi recebido por algumas dezenas de manifestantes, este domingo, em Serpa. Em resposta, disse-lhes para irem trabalhar.
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O candidato presidencial foi recebido em Serpa por cerca de 50 pessoas, a maioria de etnia cigana, que se manifestavam contra a presença do líder do Chega, antes do comício inaugural de campanha, no Cineteatro da cidade alentejana. "Vão trabalhar, trabalhar!", limitou-se a gritar André Ventura, em direção aos manifestantes, que erguiam faixas e cartazes com frases antifascistas, ladeado por seguranças e com meia hora de atraso face ao previsto.
"Beja foi [o distrito] escolhido para ser o início da caminhada presidencial pela razão que temos insistido: há um país em que metade trabalha para outros não fazerem nada", afirmou Ventura, lamentando "privilégios e regalias injustificados nos últimos 45 anos".
"Não são 'Grândolas' cantadas lá fora por subsidiodependentes que nos vão fazer parar esta marcha. Perderam os debates todos e agora querem ganhar na rua", continuou o candidato da extrema-direita parlamentar, referindo-se ao espetro político da esquerda.
Ventura, que se classificou como "a maior ameaça ao sistema", não poupou críticas ao atual chefe de Estado, "que andou com o Governo ao colo", e ao primeiro-ministro, pela falta de medidas de "apoio a quem precisa neste contexto de pandemia" e de grave crise económica.
"Estamos fartos de ser sempre os mesmos a pagar e a trabalhar", dramatizou, sugerindo que muitos dos manifestantes tinham chegado à porta do Cineteatro de Serpa "de "Mercedes e BMW ou em carrinhas do PCP".
O deputado condenou ainda a criação pelo Governo de um grupo de trabalho de combate ao racismo e a nomeação para o mesmo do ex-militante do BE Mamadou Ba.
Campanha "boicotada"
A meio do discurso do candidato a chefe de Estado, a cortina da boca de cena do anfiteatro serpense abriu-se e foi visível um esqueleto atrás de Ventura, naquilo que pareceu uma partida ao político, que não ligou e prosseguiu. Fonte oficial da candidatura disse à agência Lusa que tinha sido "um boicote", uma vez que o espaço cultural é gerido pela autarquia, liderada pela CDU (PCP e "Os Verdes").
Antes, o mandatário nacional do presidente do Chega, Rui Paulo Sousa, admitira "reduzir a campanha ao mínimo possível, mas estando presente em todo o lado", em virtude do agravamento da pandemia.
Na rua, continuaram mais de 50 pessoas em protesto contra Ventura, com cartazes e palavras de ordem como "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais" e "Alentejo, terra da Liberdade".