Unidades de todo o país recebem lista de critérios de adesão. Suspeitas de Porto e Lisboa não se confirmam.
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Os dois mais recentes casos de suspeitas de coronavírus, de uma cidadã chinesa e de um cidadão brasileiro, não se confirmaram, tendo as análises dado negativo. Mesmo assim, a Direção-Geral da Saúde (DGS) está a preparar a rede de segunda linha de hospitais capazes de intervir. Os critérios de seleção já foram entregues à DGS que, hoje, deverá enviar uma check list para unidades de todo o país. Esta rede deverá ser ativada em breve.
Dois critérios fundamentais para integrar a rede de segunda linha são a capacidade laboratorial e de camas de internamento em Unidade de Cuidados Intensivos, sabe o JN. A recomendação integra também uma unidade de pediatria, mas esta opção está a ser debatida. É que são muito poucas as crianças infetadas, mas são muitos os recursos necessários para, por exemplo, as manter em isolamento.
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Agora, caberá a cada unidade de saúde saber se cumpre os critérios exigidos ou fazer as alterações necessárias. É particularmente sensível o caso das regiões autónomas, mas o objetivo é ter hospitais habilitados a lidar com casos de coronavírus em todo o país.
Na semana passada, a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, tinha já dito estar a preparar uma "segunda vaga de serviços", para responder a uma eventual "escalada" da propagação do vírus. Ainda não há data para a sua ativação, mas o JN apurou que estará para breve.
Hoje, existem três hospitais de referência: São João no Porto e, em Lisboa, Curry Cabral (adultos) e D. Estefânia (crianças).
análises na capital
O resultado das análises efetuadas ao cidadão brasileiro, de 29 anos, internado no São João, no Porto, só foram conhecidos às primeiras horas do dia de hoje. A suspeita foi validada ao final da manhã, mas apenas o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge tem conhecimento técnico e materiais para testar a presença do novo coronavírus. A amostra biológica teve, por isso, que viajar 300 quilómetros, entre o Porto e Lisboa.
O outro caso, de uma cidadã chinesa, mas a viver em Portugal, que regressou da China no passado dia 3, foi encaminhado para o Curry Cabral, onde ficou em isolamento até receber o resultado da análise.
Nenhum dos seis casos suspeitos e validados, em Portugal, se confirmou.
Privados integram Conselho Nacional de Saúde Pública
A Associação Associação Portuguesa de Hospitalização Privada passou a integrar o Conselho Nacional de Saúde Pública, após um despacho da ministra da Saúde, assinado a 31 de janeiro. Marta Temido alargou o conselho também às Forças Armadas, Cruz Vermelha, Proteção Civil e Misericórdias. Da parte dos hospitais privados, Óscar Gaspar disse ao JN que estão disponíveis para colaborar com o Estado no controlo do novo coronavírus.
Estância de neve. Inglês espalha vírus
É um "superpropagador": um cidadão britânico assistiu a um congresso em Singapura, onde contactou com um chinês infetado. De volta à Europa, passou uns dias numa estância de neve, em Monte Branco, e infetou nove pessoas.
Razões. "Superpropagadores"
Calcula-se que uma em cinco pessoas tenham maior capacidade para infetar outros, mas ainda não se sabe por que razão. Poderá estar relacionado com o seu sistema imunitário: ser demasiado fraco e não diminuir a intensidade do vírus; ou ser tão bom que a pessoa não mostra sintomas durante mais tempo, enquanto espalha o vírus.
Prevenção. Golfe anulado
O torneio de golfe feminino previsto para a ilha chinesa de Hainan, em janeiro, já tinha sido anulado. Agora, também as provas Honda PGA (Tailândia) e HSBC Campeonato do Mundo Feminino (Singapura) foram cancelados.
Designação. Batismo provisório
A Organização Mundial de Saúde (OMS) está a estudar o nome a dar ao novo coronavírus. As autoridades chinesas fizeram um batismo provisório e deram-lhe o nome de NCP (Pneumonia do Novo Coronavírus, em inglês), para substituir o original 2019-nCoV.
Regras. Evitar locais e animais
Para evitar casos como o da gripe suína, que levou o Egito a exterminar todos os porcos apesar de não transmitirem o vírus, ou o da síndrome respiratória do Médio Oriente, que criou um estigma contra a região, a OMS definiu regras: o nome não pode ter indicação geográfica, de pessoas, animais ou alimentos, nem referir culturas ou indústrias específicas.