O primeiro-ministro avisou os partidos à sua Esquerda de que o Orçamento do Estado (OE) terá de "responder às necessidades do presente sem comprometer as contas públicas". Ainda assim, António Costa garantiu que o Governo está "totalmente empenhado" em conseguir apoio para fazer aprovar o documento.
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"Vamos continuar a trabalhar sossegadamente e com confiança de que a racionalidade e o sentido de equilíbrio vão prevalecer", afirmou o chefe do Governo, esta quarta-feira, à saída do debate preparatório do Conselho Europeu, no Parlamento.
Costa garantiu que "a última coisa" de que o país precisa é de uma crise política num momento que deve ser de recuperação pós-pandemia. No entanto, avisou que as negociações em curso sobre o OE terão de "contentar as duas partes".
"Dar um passo maior do que a perna hoje pode ter custos amanhã", vincou Costa, numa intervenção muito centrada nas linhas vermelhas de que o Executivo não abdica nas conversações com os parceiros de Esquerda.
"Temos sempre de ter em conta que há amanhã", repetiu, apelando a que BE, PCP, PAN e PEV mantenham "a política de equilíbrio e bom senso que temos seguido desde 2016".
"Credibilidade internacional" é a chave
O primeiro-ministro assegurou não ter "nenhuma obsessão com as contas certas", mas argumentou que, se não tivesse existido excedente orçamental em 2019, a Segurança Social não teria tido capacidade de resposta" para pagar o 'layoff' durante a pandemia.
Prosseguindo na mesma linha de raciocínio, Costa defendeu que, caso o país não tivesse recuperado a "credibilidade internacional" através da boa gestão das contas públicas, "os mercados já teriam reagido".
Dessa forma, referiu ser "absolutamente essencial" reduzir o défice e a dívida pública. "É isso que nos permite fazer o resto", afirmou.
BE e PCP têm resistido a viabilizar o OE, admitindo mesmo chumbar o documento. A votação na generalidade ocorre na próxima quarta-feira, dia 27, sendo que um chumbo poderá precipitar a queda do Governo.