O primeiro-ministro, António Costa, confirmou, esta terça-feira, que Mário Centeno foi sondado para presidente do Eurogrupo, mas defendeu que essa "não é prioridade"
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"É prestigiante, desde logo para Mário Centeno e para o país. Seria um presidente excelente, mas não é uma prioridade nossa", confirmou António Costa, dando a entender o que sempre disse, que não pretende remodelar o ministro.
Numa entrevista à Rádio Renascença, dominada pelo sistema financeiro, o primeiro-ministro socialista foi claro: "Não vivemos no país das maravilhas, vivemos num quadro financeiro que há um ano estava numa situação muito grave, mas que ao longo deste ano foi melhorando". E explicou: "o Novo Banco foi vendido e está em condições de arrancar, a CGD está capitalizada, o Millenium está capitalizado, o Montepio tem questões ainda a resolver, e é preciso encontrar um bom mecanismo para o crédito malparado", o que é diferente, sublinhou, de "criar um banco mau". Sem evitar críticas ao anterior Governo, Costa defendeu que a diferença entre Portugal e o sistema espanhol foi o "saneamento do sistema bancário" no início da crise. Em Portugal, "os problemas foram adiados para depois da saída limpa", notou.
Em relação à situação do Montepio, agora que se sabe que Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista, foi constituído arguido num processo em que é suspeito de ter recebido indevidamente 1,5 milhões de euros, António Costa disse que não cabe ao Governo avaliar a sua idoneidade.
E garantiu estar "descansado" em relação aos produtos da Associação do Montepio que são supervisionados pelo ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva. De resto, acrescentou, no contexto geral, o Montepio "é um problema conciso, limitado". "Às vezes o silêncio é a melhor forma de trabalhar", disse, reconhecendo estar a trabalhar num novo modelo de supervisão.
Sobre a venda do Novo Banco, António Costa explicou que não foi uma exigência do Estado ficar com 25%, mas considera que "os riscos estão minorados em relação à proposta inicial". Costa admitiu que seria melhor o Estado não ter qualquer participação no Banco, mas compreende que a presença do Estado "credibiliza o banco". Em todo o caso, disse, "não quer dizer que vamos ficar com esses 25% para sempre". No máximo, o Estado assume o risco sobre 3,8 mil milhões. "O Fundo de Resolução fica com a gestão desses riscos."
Sobre a saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo, cujo resultado será conhecido ainda este mês, António Costa disse ter a certeza que fez tudo o que tinha a fazer para cumprir os critérios de saída. Mas na União Europeia, admitiu, o desfecho é sempre imprevisível.