Costa defende "liberdade dos fracos" contra a "liberdade de escolha da direita"
O secretário-geral do PS acusou, este domingo, a coligação PSD/CDS-PP de "ameaçar" o modelo social português e contrapôs ao conceito liberal de liberdade de escolha a ideia de "liberdade dos fracos" num sistema de justiça social.
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António Costa falava no final de uma visita de uma hora ao Centro Hospitalar da Covilhã, onde esteve acompanhado pelos candidatos a deputados socialistas pelo círculo eleitoral de Castelo Branco.
"A defesa do SNS [Serviço Nacional de Saúde], o acesso à escola pública e a garantia de um regime público de pensões são fatores absolutamente essenciais para a defesa do nosso modelo social, algo que está ameaçado. O objetivo escondido e não assumido por parte da coligação de direita é privatizar as receitas da Segurança Social, transferir recursos fundamentais para a escola privada e desviar recursos do SNS para financiar a medicina privada e desmembrar este sistema público", declarou o líder socialista.
António Costa criticou depois o conceito de "liberdade de escolha", considerado basilar na filosofia política das correntes mais liberais.
"A liberdade de escolha só existe efetivamente quando quem não tem nenhum recurso pode encontrar numa escola para os seus filhos, numa saúde para si próprio e numa Segurança Social para os seus pais a mesma proteção que encontraria se tivesse recursos para recorrer ao sistema privado. A liberdade é a liberdade dos fracos. Liberdade não é reforçar a oportunidade dos que têm mais recursos para poderem deixar de contribuir solidariamente para uma sociedade mais inclusiva", defendeu.
Nas declarações que fez aos jornalistas, o secretário-geral do PS procurou sempre encostar a coligação PSD/CDS-PP à corrente mais liberal, procurando dramatizar as consequências da sua estratégia para o modelo social do país.
"A ameaça de desmembramento do SNS é um perigo para os portugueses", disse, servindo-se como exemplo de episódios que estarão a afetar o funcionamento e o desenvolvimento do Centro Hospitalar da Covilhã.
"Precisamente para este Centro Hospitalar foi pensada uma tentativa de desmembramento. Caso se tivesse concretizado, fragilizaria o SNS, dificultaria uma gestão mais integrada dos recursos, impediria uma maior sinergia entre os profissionais e os recursos da Covilhã e do Fundão", apontou.
António Costa defendeu depois uma medida tomada nos executivos de António Guterres para a criação da Faculdade de Medicina da Beira Interior, "que foi essencial para a formação e fixação de médicos no interior" do país.
"Mas, se a fase inicial de formação inicial foi um sucesso, é necessário agora reforçar a capacidade para a formação de especialistas. Se um médico que conclui aqui na Covilhã tem depois de se deslocar para outro local para desenvolver a sua especialização, isso compromete a possibilidade de evolução na carreira numa zona do interior do país", afirmou o líder socialista, que também acusou o Governo de "não ter permitido a abertura de concursos" para a contratação de enfermeiros.
"Ficámos também a saber que o tão anunciado sistema de incentivos para a fixação de médicos no interior, afinal, na prática, não existe. Tudo não passou de mais uma medida anunciada em ano eleitoral, mas que não passou do papel", acrescentou.