Aplicação de "carpooling" está a ser desenvolvida por dois alunos e um professor da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal e visa retirar carros do campus. Deve estar a funcionar no próximo ano letivo e promete dar prémios aos que mais aderirem, que podem passar por descontos no valor das propinas ou almoços e lanches gratuitos nos refeitórios.
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A pouca oferta de transportes públicos para o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), situado à saída da cidade, faz com que os estudantes encham os parques de estacionamento do campus, sendo que, em regra, cada carro só transporta um aluno. A necessidade de reduzir o número de carros e os consequentes benefícios ambientais levaram alunos e professores da Escola Superior de Tecnologia do IPS a criar uma aplicação de "carpooling", ou seja, partilha de boleias, que vai dar prémios. Está em fase de testes e promete ser um sucesso. É que quem for o mais participativo nesta ideia vai ter uma redução na propina escolar e haverá ainda prémios semanais e mensais, como almoços ou lanches gratuitos nos refeitórios.
Os professores de engenharia eletrónica Rui Neves Madeira e Patrícia Macedo desenharam ao longo de um ano, com os alunos finalistas Henoch Vitureira e Edgar Santos, a aplicação que teve já um bom feedback por parte dos estudantes, que querem deixar de gastar tanto dinheiro em combustível.
Henoch, 25 anos, mora na Quinta do Conde e durante os anos que estudou no IPS gastava 120 euros em combustível para ir às aulas. "É um grande transtorno para quem estuda no Politécnico e mora nos arredores porque não há grande oferta de transportes públicos", diz o jovem.
Apenas dois autocarros garantem o transporte desde a cidade para a instituição e como a maior parte dos estudantes reside fora de Setúbal, ainda tem de apanhar comboio ou outras carreiras. Rui Madeira conta que até há alunos que pedem para sair mais cedo das aulas. "Esta aplicação vem tornar a vida mais fácil e ainda contribuirá para aproximar os alunos de todas as escolas do campus, já que não serve apenas para os que frequentam a Escola Superior de Tecnologia", garante o professor.
Do nada conseguimos tudo, tivemos muito trabalho de pesquisa e o final é gratificante
A aplicação será usada apenas por alunos do IPS, que acedem através das suas próprias credenciais. "Assim há uma maior confiança porque quem usa sabe que é restrita a colegas", acrescenta.
A ideia surgiu em 2019 do vice-presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, Carlos Mata - que quer menos carros no campus - em conversa com Rui Madeira, que é também investigador no centro Sustain.RD. "Pedi ao Henoch e ao Edgar para participarem pela sua criatividade e por serem alunos finalistas, e assim criámos a aplicação", explica o docente. Edgar está a terminar o curso de engenharia informática. "Do nada conseguimos tudo, tivemos muito trabalho de pesquisa e o final é gratificante", diz.
No final deste ano letivo, a aplicação entra em fase de testes no terreno, com a participação de algumas dezenas de alunos, e no início do próximo deve estar disponível para todos