O único debate televisivo - e último antes das eleições do próximo domingo - durou duas horas e aflorou mais de uma dezenas de assuntos.
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Nove candidatos presidenciais presentes, um ausente (Maria de Belém), dois com gravata preta (Marcelo Rebelo de Sousa e Sampaio da Nóvoa) e um sem gravata (Vitorino Silva).
Mas num modelo de debate sem debate - todas as questões foram colocadas individualmente e nenhuma gerou controvérsia -, quem levou os temas quentes para a discussão foi Marisa Matias, a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda. Foi a eurodeputada quem lançou o tema das subvenções vitalícias dos políticos - "uma vergonha de que ninguém falou, porque os 30 deputados que as exigiram são apoiantes de Marcelo, Nóvoa e Belém", apontou -, e dos apoios aos candidatos presidenciais. "Todos os presidentes foram eleitos com apoios partidários", disse, confessando estar cansada de ver a corrida a Belém mascarada de "falsos independentes".
Henrique Neto foi o candidato mais interessado em dar continuidade a esses dois temas, com os quais concordou, e aos quais acrescentou a estratégia económica para o país. "As empresas que não podem pagar 600 euros por mês de salário, provavelmente não deveriam existir", afirmou.
Num registo que Sampaio da Nóvoa classificou como sendo "um debate monocórdico" - Vitorino Silva confessou estar "a desenhar bonequinhos" durante as partes que não lhe interessavam -, os principais candidatos tiveram margem para executar a sua estratégia. A de Marcelo, depois dos debates acesos com Belém e Nóvoa, seria recuperar a serenidade e voltar, tal como no início da campanha, a não se incompatibilizar com ninguém.
Aquele que é o candidato mais bem posicionado nas sondagens conseguiu ser conciso e falar sobre poucos tópicos: concorda com o regresso às 35 horas na função pública, porque "corresponde a um compromisso eleitoral", acredita "no acordo entre o Governo e os compradores da TAP" para que o Estado recupere a maioria do capital e, quase no fim, lançou um tema popular: o enriquecimento ilícito. "Não percebo como não passa uma lei que o puna."
Sem Belém presente na ala que ambos disputam, cabia a Sampaio da Nóvoa tentar marcar pontos em relação a Marcelo. Ainda tentou, reutilizando os argumentos da constante mudança de opinião do ex-comentador, mas acabou por gastar mais tempo a defender-se das acusações de Cândido Ferreira.
A maior crítica a Marcelo acabou por chegar de Jorge Sequeira, que o acusou de "hipocrisia de sobra" em relação a Pedro Passos Coelho. "É a política das palmadas nas costas."