A Marinha Portuguesa detetou, nos últimos dias, o movimento suspeito de um navio petroleiro com bandeira síria a cerca de 150 quilómetros da costa de Portimão. É o segundo caso suspeito de trasfega de crude em menos de uma semana. O navio já está fora de águas portuguesas.
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Depois de no passado dia 15 a Marinha Portuguesa ter impedido uma operação de trasfega de crude na Zona Económica Exclusiva (ZEE) da Madeira (a cerca de 370 quilómetros), o Centro de Operações Marítimas da Marinha detetou um novo caso suspeito. No decorrer das operações de monitorização diária do espaço marítimo português, detetou-se o movimento suspeito de um navio petroleiro, que se encontrava a pairar, em mares de jurisdição portuguesa.
O navio com bandeira da República Síria foi intercetado pelo navio da Marinha NRP Cassiopeia a cerca de 85 milhas náuticas, o equivalente a mais de 155 quilómetros, do sul de Portimão, às primeiras horas de sábado, dia 20.
O navio-tanque (embarcação desenhada para o transporte de cargas líquidas em larga escala) encontrava-se perto do limite sul da ZEE portuguesa e, de acordo com as autoridades, apresentava um comportamento que indiciava preparativos para a prática de abastecimento e trasfega de crude, ações conhecidas como "bunkering".
Alegou que estava com avaria
Após o estabelecimento de contacto, o petroleiro não reportou a operação de trasfega de crude e alegou que se encontrava com uma avaria nas máquinas principais e que necessitava de algumas horas para a sua reparação, justificando a sua paragem pela espera de instruções da empresa sobre o porto a que se devia dirigir.
Depois de ser alertada que Portugal, ao abrigo da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, não autoriza a realização de atividades de reabastecimento dentro da Zona Económica Exclusiva nacional pelo risco ambiental que comporta, a embarcação síria iniciou a navegação.
Fontes oficiais da Marinha Portuguesa já confirmaram a saída do petroleiro da ZEE de Portugal Continental.
Segundo caso em menos de uma semana
Esta é a segunda ocorrência registada em menos de uma semana em mares portugueses. Conforme relatado pelo JN no passado dia 15 de agosto, a Marinha portuguesa intercetou uma operação de trasfega de crude, desta vez ao largo da costa da Madeira, a cerca de 370 quilómetros. As duas embarcações, com padrões de navegação suspeitos e semelhantes ao caso de Portimão, foram igualmente alertadas para a ilegalidade da operação em mares portugueses e já se encontram também fora da ZEE.
Apesar de não estabelecerem ligação entre os dois casos, fontes oficiais confirmam que, desde o início do conflito na Ucrânia, estas operações de trasfega de crude são mais recorrentes, enquanto forma de recolocar o crude de origem russa (sancionado pela União Europeia) no mercado europeu.
O caso da Madeira foi o primeiro caso detetado deste tipo de operações em ZEE nacional desde o início da guerra na Ucrânia, o que levou a Marinha portuguesa a redobrar a vigilância marítima.