Há 50 anos, o Movimento das Forças Armadas tomou o poder pacificamente em Lisboa. A Revolução dos Cravos deu a Liberdade aos portugueses, que começaram a encher o Terreiro do Paço por volta das 8 horas, sensivelmente à mesma hora a que um grupo de oficiais ali arribou em 1974. O resumo do dia para rever aqui.
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O Presidente da República celebrou hoje "as pátrias e os povos irmãos" das antigas colónias de Portugal "que o 25 de Abril uniu", considerando que o futuro será guiado pelas memórias e lições do passado colonial.
Marcelo Rebelo de Sousa falava numa sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril, no grande auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, para a qual convidou os chefes de Estado de Angola, Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste, que discursaram antes.
Num curto discurso de menos de quatro minutos, o chefe de Estado descreveu esta sessão como um encontro "de futuro" e fez breves referências ao passado colonial.
Da censura à liberdade, leia as edições históricas do JN de 25 de abril a 2 de maio de 1974.
"Esta é minha". A frase surge rápida, sem sombras. Ainda a moldura está a mais de um braço de distância e já Pereira de Sousa dispara. "É a libertação dos presos políticos da sede da PIDE", diz, ao olhar a fotografia. Uma memória com 50 anos de um dos "fotógrafos de Abril" no Porto.
"Na impossibilidade de acompanhar em Lisboa as comemorações dos 50 anos do 25 de abril, o presidente da República Federativa do Brasil honrou esta efeméride com a sua presença num jantar na residência oficial do Embaixador de Portugal em Brasília. Um gesto que agradeço e assinala, também no Brasil, esta importante data na comunidade lusófona", escreveu Luís Montenegro, na rede social X (ex-Twitter).
Milhares de pessoas saíram à rua no Porto e cobriram a Invicta num mar de cravos vermelhos. Com meio século de liberdade cumprido, o dia ficou marcado pelas memórias que o 25 de Abril já deu aos portugueses, mas também pela certeza de que ainda falta muito por cumprir.
Muita música, gritos de luta, cartazes e cravos espalhados pelas ruas. Foi assim que os portuenses receberam os festejos da Revolução. Num misto de alegria e sentimento de conquista, há quem defenda que a luta de há 50 anos ainda tem muito caminho a percorrer.
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O presidente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, considerou que Portugal "se pôs do lado certo da História" com o derrube da ditadura. "Marcou um momento crucial na historia, não apenas para Portugal mas também para as colónias portuguesas em África", acrescentou na sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, com os chefes de Estado de Portugal e das antigas colónias portuguesas, cuja independência esteve ligada ao 25 de Abril.
Carlos Vila Nova salientou que nesta data se comemora "um evento marcante que transcende e ressoa profundamente na consciência coletiva de muitas nações".
O Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, considerou hoje que Portugal soube reconhecer a derrota colonial e que a reconciliação com os países vencedores aconteceu rápida, imediata e naturalmente.
"Os portugueses souberam reagir às mudanças sem ódio nem vinganças, sem fuzilamentos, sem guerra civil, aceitaram as independências e lutaram connosco pelo longínquo Timor", disse Ramos-Horta durante a sua intervenção na cerimónia de comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, que juntou todos os presidente dos países africanos lusófonos, hoje em Lisboa.
"[Os portugueses] não viraram as costas, e as sociedades e os líderes das novas nações independentes souberam igualmente, com verdadeira grandeza de vencedores, saudar Portugal e as relações de amizade foram consolidadas", acrescentou o chefe de Estado timorense, notando que "a normalização das relações com o antigo poder colonial foi imediata, a reconciliação foi natural e o processo foi célere".
Na intervenção, Ramos-Horta fez a distinção entre o Portugal antes da revolução, "asfixiado e isolado", com o país que se seguiu, exclamando: "Quanto mudou para melhor, para muito melhor, em todas as vertentes!".
Criticando as guerras que ocupam as primeiras páginas dos jornais "e as outras em todo o mundo que não chegam à comunicação social", Ramos-Horta disse que a cerimónia de hoje em Lisboa "honra a coragem de quem lutou pela liberdade e renova os compromissos com valores democráticos que definem as nossas nações".
"Congratulo o presidente e o povo de Portugal pelos 50 anos do retorno da democracia e celebro o espírito corajoso alimentado pela Revolução dos Cravos e o triunfo sobre o autoritarismo. Este marco sublinha o duradouro compromisso de liberdade e democracia partilhado pelos nossos países", escreve Joe Biden numa carta enviada a Marcelo Rebelo de Sousa.
Na missiva, o presidente norte-americano diz que Portugal "está entre os primeiros países que reconheceu os Estados Unidos" da América, após a revolução e lembrou que os fundadores americanos "brindaram a celebração da independência com vinho da Madeira".
"Os fortes e duradouros laços transatlânticos entre os nossos países, incluindo a ligação na NATO, enquanto aliados, forma uma base de valores partilhados e de mútuo respeito que só é fortalecida pelos 233 anos de relações diplomáticas", destacou.
Joe Biden agradeceu ainda a "liderança de Portugal" e "a parceria com os EUA, na promoção global das normas democráticas". "Juntos, encarámos desafios e forjamos uma parceria resiliente que continua a florescer no século XXI", escreveu o presidente norte-americano.
Nos EUA, refere Joe Biden, "a diáspora portuguesa desempenhou um papel fundamental na formação da cultura e economia através da língua, música, cozinha e empreendedorismo" americanos. O Presidente destaca igualmente que "os lusodescendentes nos EUA têm dado contributos significativos na democracia" do seu país em áreas como a educação, saúde, tecnologia e também enquanto membros do Congresso.
Enaltece também o trabalho dos lusodescendentes presentes nos EUA com a "criação de emprego, alimentando a inovação contribuindo para o crescimento e vitalidade" do país que preside. "Enquanto celebramos os 50 anos do regresso da democracia a Portugal, estamos ansiosos por um futuro ainda mais marcado por fortes laços e pela continuação de colaboração nos nossos valores comuns e na partilha do empenho dos princípios dos valores democráticos", remata Joe Biden.
Milhares de pessoas marcharam esta quinta-feira pela Avenida da Liberdade, em Lisboa, para celebrar os 50 anos do 25 de Abril. A tarde é de festa entre família e amigos de várias gerações, mas há uma mensagem comum que deixam no cinquentenário da revolução: não basta celebrar, é preciso cuidar da democracia.
“É um dia inesquecível”, partilha Lígia Santos, com um cravo na mão. A professora reformada, 67 anos, não esconde a emoção que é ter vivido aquele dia e ver como é que o país mudou até hoje. “Apesar de ainda estarmos coxos em muitas coisas, estamos incomparavelmente melhores”. A lisboeta lembra-se que o dia da revolução começou como qualquer outro dia. Preparava-se para sair para o liceu, mas acabou por passar o dia agarrada à rádio e à televisão para perceber o que estava a acontecer. “O meu vizinho de baixo estava a ouvir a telefonia aos gritos. Acordei os meus pais e disse ‘estão a dizer que não se pode ir para a rua'. A minha mãe não me deixou ir”.
Vários milhares de pessoas desceram a Avenida da Liberdade, no tradicional desfile do 25 de Abril, esta quinta-feira, para assinalar o cinquentenário da revolução. Veja mais imagens aqui.
"É preciso que nas nossas escolas, em Portugal e nos países da lusofonia ensinemos a verdade: o 25 de Abril foi construído em Portugal, em Angola, em Moçambique, em São Tomé e Príncipe, na Guiné-Bissau e em Cabo Verde, e a nossa presença nesta efeméride é um tributo merecido aos heróis da luta anticolonialista e aos jovens capitães portugueses que a 25 de abril puseram fim a um regime que subjugava os nossos povos", disse o presidente moçambicano Filipe Nyusi.
Falando durante a sua intervenção na cerimónia que assinala os 50 anos do 25 de Abril, e que juntou no Centro Cultural de Belém os presidentes dos países das antigas colónias, com exceção do Brasil, representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Filipe Nyusi afirmou que esta efeméride é "a celebração da vitória numa luta partilhada".
Luís Montenegro assinalou os 50 anos do 25 de Abril com um almoço com 50 jovens no Palácio de São Bento, entre os quais o tenista João Sousa, o escritor Afonso Reis Cabral, o cantor Buba Espinho, a comentadora na SIC Maria Castello Branco e elementos das Forças Armadas e forças de segurança.
"Estou convencido de que este 25 de Abril, estes 50 anos, serão um ponto de viragem se nós quebrarmos um ciclo negativo que foi a marca dos últimos anos: a incapacidade de retermos em Portugal o nosso talento", afirmou.
Os líderes de PS, BE, PCP e IL enalteceram hoje a participação cívica massiva no desfile popular que assinalou os 50 anos do 25 de Abril de 1974, em Lisboa, apesar das visões distintas para o futuro do país.
"É um ótimo sinal, é extraordinária esta participação massiva do povo português neste desfile, a celebrar os 50 anos do 25 de Abril com uma força, um entusiasmo de quem não quer andar para trás, de quem vai travar e dar combate a qualquer retrocesso social, económico ou cultural. O povo está cá para salvaguardar, proteger os valores de Abril, a nossa democracia política, mas social e cultural também", defendeu o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
Mais atrás, na reta final do desfile, como tem sido habitual, uma comitiva da Iniciativa Liberal também se juntou à manifestação popular, com Rui Rocha a lembrar que o seu partido participa neste momento desde que foi fundado, "mesmo quando quiseram tentar que não" estivessem. O liberal saudou a participação cidadã no desfile, considerando-a "um bom sinal". "O 25 de Abril é uma data determinante da liberdade e, portanto, ver tantos portugueses que se juntam em festa, com diferentes visões políticas, com diferentes visões para o país, que se juntam para celebrar essa data que une os democratas e os que amam a liberdade, isso é fantástico", defendeu.
À esquerda, a coordenadora do BE Mariana Mortágua, rejeitou estar perante uma manifestação mas sim "uma ocupação pela liberdade", falando num "país inteiro que saiu à rua". "Acredito que hoje tanta gente saiu à rua nas suas diferenças políticas, ideológicas, mas para afirmar esse princípio fundador: da igualdade, da liberdade, da justiça e da democracia", disse.
Também o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, enalteceu a participação massiva, expressiva" e até "emotiva" manifestada pelos cidadãos, classificando-a como "uma grande afirmação de Abril". "Há aqui uma afirmação de Abril e, simultaneamente, da exigência que se cumpra Abril na vida das pessoas", afirmou.
Pouco depois do final do almoço, Montenegro, sempre acompanhado pela mulher, deu um curto passeio pelos jardins e cumprimentou alguns populares numa altura em que ainda estava pouca gente a visitar São Bento.
De cravo vermelho ao peito, na mão, na mochila ou atrás da orelha, miúdos e graúdos arrancaram da Praça da República, por volta das 15.30 horas, gritando "25 de Abril Sempre, fascismo nunca mais".
Entre os manifestantes despontava um cravo vermelho com 1,60 metros de altura, que Carla Dionísio construiu com papel Eva, com 50 pétalas, uma por cada um dos 50 anos que a revolução assinala. "A democracia e a liberdade é o que temos de mais importante. Não podemos adormecer em democracia, principalmente quando temos 50 fascistas no nosso parlamento", afirmou.
Já uma estudante de 19 anos, que frequenta o curso de Serviço Social, decidiu gravar o símbolo da revolução de Abril de 1974 no antebraço. "Fiz esta tatuagem há um anito. O 25 de abril é o meu dia favorito do ano, aquele que nos transmite o quanto é importante a nossa história e que temos de continuar a lutar pela nossa democracia, que não podemos ter como dado adquirido", destacou Fabiana Pereira.
A comissão organizadora das comemorações populares dos 50 anos do 25 de Abril, em Coimbra, convocou toda a cidade a participar na manifestação popular, que rumou até ao Pátio da Inquisição, "com tanta gente como nunca se viu".
A Academia de Coimbra juntou-se à manifestação popular com cerca de 500 estudantes, levando a Cabra, a torre da Universidade de Coimbra, num andor.
Carlos Moedas participou no desfile do 25 de Abril, em Lisboa, que juntou milhares de pessoas na Avenida da Liberdade, numa demonstração do que o autarca classificou de "uma festa de união" dos portugueses.
"É preciso estarmos unidos. O 25 de abril não é de uns nem de outros, é de todos, de todos os portugueses e é preciso que essa união seja real", disse.
E recordou que deve à revolução o que hoje é: "Não seria presidente da câmara, não teria feito a carreira que fiz, porque era um miúdo de uma família pobre do Alentejo e aqui estou e ver esta união entre os portugueses".
Carlos Moedas referiu que a sociedade se polarizou, "não só em Portugal, mas também na Europa" e que "essa polarização é má para a democracia, esse distanciamento, esse ódio que muitas vezes é criado".
"O mais importante e o mais difícil hoje é ser um político moderado e um político moderado tem que ter também, às vezes, uma linguagem agressiva dessa moderação, porque essa moderação é a democracia", prosseguiu.
Várias centenas de pessoas desfilaram pelas ruas de Faro para assinalar os 50 anos da revolução que pôs fim a 48 anos de ditadura em Portugal.
A concentração iniciou-se pelas 16 horas no Jardim Manuel Bívar, tendo o desfile percorrido várias artérias da cidade, durante cerca de 40 minutos, terminando no Largo Catarina Eufémia, com os participantes a empunharem cartazes e cravos vermelhos e a entoarem palavras de ordem.
"Liberdade Sempre", "Abril é mais futuro" e "Parar a guerra, oportunidade à paz" podia ler-se nalguns cartazes ao mesmo tempo que eram entoadas palavras de ordem como: "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais", "Paz sim, guerra não" e "o povo unido jamais será vencido".
O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, que também desceu a Avenida da Liberdade, em Lisboa, alertou que "a democracia é de uma magnífica fragilidade" e é necessário "cuidar dela", através da participação cívica.
"A democracia é de uma magnífica fragilidade e, por isso, temos de cuidar dela todos os dias. Depende de nós, só de nós, a construção de uma democracia mais sólida e mais forte. E esta é a mensagem que temos que passar: ninguém fará por nós aquilo que nós não estivermos disponíveis para fazer", defendeu Aguiar-Branco.
De cravo na lapela, o presidente do parlamento considerou necessário que os cidadãos sintam "que a participação é uma exigência da democracia".
"Mas isto dá trabalho, é uma exigência de participação, é uma construção permanente", salientou.
O presidente da República recebeu esta quinta-feira dezenas cidadãos no gabinete oficial do Palácio de Belém, aberto à população para celebrar os 50 anos do 25 de Abril.
Centenas de pessoas visitaram esta tarde o Palácio de Belém, aberto entre as 11 horas e as 18 horas no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
Por volta das 16.20 horas, Marcelo Rebelo de Sousa abriu as portas do gabinete oficial, onde se encontrava sentado à secretária a organizar e assinar documentos, trocando depois breves palavras com as dezenas de cidadãos que encheram a sala.
O chefe de Estado explicou a história das salas e jardins do Palácio de Belém, apontando também para várias mobílias do gabinete, entre as quais o sofá onde costuma receber os convidados em audiências e onde, segundo indicou, já se sentaram chefes de Estado como Xi Jinping, Barack Obama ou Vladimir Putin.
Milhares, muitos milhares de pessoas saíram esta quinta-feira à rua para comemorar os 50 anos do 25 de Abril, no parlamento a direita atacou o Presidente por causa da herança colonial e Marcelo fez a defesa da democracia.
Desde manhã cedo, com a cerimónia militar na Praça do Comércio, em Lisboa, onde desfilaram, em viaturas da época, militares que fizeram o golpe do Movimento das Forças Armadas (MFA que derrubou a ditadura em 1974, milhares de pessoas passaram também no Largo do Carmo e, à tarde, encheram a avenida da Liberdade, na capital, como há muitos anos não se via. Manifestações e desfiles repetiram-se no Porto, Coimbra, Faro e noutras cidades.
Depois do desfile militar, as cerimónias oficiais passaram para dentro da Assembleia da República, para os tradicionais discursos políticos, marcados pelas críticas do CDS-PP, Iniciativa Liberal e o Chega, que acusou Marcelo de traição aos portugueses por ter reconhecido a responsabilidades de Portugal por crimes cometidos durante a era colonial, sugerindo o pagamento de reparações pelos erros do passado.
"Temos de pagar os custos. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isto", afirmou Marcelo, citado pela agência Reuters, na terça-feira, num jantar com correspondentes estrangeiros em Portugal.
O presidente da República sublinhou a importância de o país continuar a ter a "inteligência" de preferir a democracia, "mesmo que imperfeita", às ditaduras. Argumentou que as melhores sociedades do mundo são regimes pluripartidários liberais, precisamente porque são "mais abertos a todos, inclusive aos que contestam, no todo ou em parte, essa democracia".
"Ninguém quer trocar uma democracia menos perfeita por uma ditadura, ainda que sedutora", reforçou Marcelo Rebelo de Sousa. Lembrou uma visita que fez ao Parlamento, nos anos 60, numa altura em que todos os deputados eram escolhidos por um "líder vitalício". "Eram aqui chegados pela vontade do chefe, não do povo", realçou, frisando que a Assembleia é hoje "tão diferente" desses tempos. "Definitivamente, o caminho que queremos não é esse o da ditadura", repetiu, dizendo que a solução é construir uma democracia "cada vez melhor".
O chefe de Estado descreveu o 25 de Abril como "um marco histórico único", avisando, contudo, que ele não pode tornar-se "mais passado do que futuro". Lembrando marcos como a revolução liberal de 1820, a implantação da República em 1910 ou o início da ditadura militar de 1926, sublinhou o carácter singular da Revolução dos Cravos: "Nenhuma outra revolução ou golpe militar foram comparáveis na nossa história contemporânea", disse, vincando que ela se tornou possível quando passou a ser claro que a guerra colonial não podia ser ganha.
Numa altura em que a disputa pela memória do 25 de Abril se intensifica - foram várias as referências a Novembro vindas das bancadas da Direita -, Marcelo procurou fazer, ele próprio, uma resenha desse período histórico, tentando salientar que as diferenças políticas fazem parte da vida em sociedade. Nesse sentido, elogiou - sem nunca referir os nomes - o ex-presidente Ramalho Eanes, bem como Mário Soares (PS) e os outros "três pais fundadores" do regime: Sá Carneiro (PPD/PSD), Álvaro Cunhal (PCP) e Freitas do Amaral (CDS).
O presidente referiu-se a Soares como o "imediato vencedor civil da revolução", elogiando-lhe a "longa luta contra a ditadura" e o percurso "singular" em democracia. Sobre Sá Carneiro, "tragicamente morto", lembrou ter sido o "primeiro primeiro-ministro do hemisfério oposto" ao do PS. Evocou ainda Cunhal - "o mais antigo e mais persistente lutador contra o salazarismo" - e Freitas do Amaral - que, "em tempos muito difíceis", garantiu "a existência de um mais amplo leque de pluralismo".
À medida que Marcelo ia falando destes vários protagonistas, foi-se observando uma coreografia na sala, com as diferentes bancadas a aplaudirem (ou não) conforme o grau de identificação com o político homenageado. Assim, Soares foi aplaudido de pé por PS e PSD, sendo que um ou outro parlamentar de Esquerda também bateu palmas - embora sentado - e o Chega não reagiu; Sá Carneiro e Freitas foram aplaudidos de pé por todos, exceto os partidos à Esquerda do PS, com Cunhal a merecer o silêncio da Direita e o aplauso da Esquerda e do PS.
Oficialmente, a cerimónia do 25 de Abril termina com o Hino Nacional. Hoje, como tem acontedido nos últimos anos, os deputados das bancadas da Esquerda entoaram "Grândola", a canção que marcou a Revolução há 50 anos, enquanto os deputados do Chega saíam do hemicíclo. Para terminar, ouviu-se o lema: "25 de Abril, sempre; fascismo nunca mais."
"A casa da democracia não pode servir para defender o regime. Isso era a outra, a dita Assembleia Nacional. E muito menos a casa da democracia serve para defender a democracia. Serve sim para construir a democracia. Todos os dias, com mais políticas que política, com mais coragem que jogos ou preocupações com popularidade", contrapôs. Neste contexto, o social-democrata José Pedro Aguiar-Branco evocou a ação do antigo presidente da República, fundador e primeiro líder do PS, Mário Soares, considerando mesmo que "foi a personificação maior de um espírito de bom senso e sabedoria que hoje, em política, se chama de moderação".
"O homem que combateu o PCP nas ruas foi o mesmo que não permitiu a sua ilegalização. O homem que amnistiou Otelo foi o mesmo que trouxe Spínola para junto de si. O que alguns podem chamar de contradições ideológicas e políticas, ele chamaria de reconciliação. De respeito pela diferença de pensamento, pela diversidade das ideias", salientou.
Uma atitude que, de acordo com o presidente da Assembleia da República, Mário Soares adotou "não por uma casta noção de tolerância, mas pela certeza de que o país só cresce e se desenvolve com a diferença e pela diferença". Na bancada do PS, houve novamente palmas.
"A certeza de que a diferença exige mais de nós. Que a diferença soma e acrescenta. Isso é sabedoria. É bom senso. Como português, cidadão e eleitor só posso esperar o mesmo para esta casa: O respeito maior pela diferença, de que a composição desta assembleia é, hoje, exemplo, fruto da afirmação livre da vontade dos portugueses", acrescentou.
Cerca de três dezenas de ativistas guineenses concentraram-se hoje diante da Assembleia da República, em Lisboa, em protesto contra a presença do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
Munidos de cravos brancos, cartazes onde se lia "Sissoco Embaló Ditador" ou "Marcelo lado a lado com um ditador -- valores de Abril oprimidos na Guiné-Bissau" e t-shirts pretas a denunciar mortes, prisões e raptos com cariz político, os ativistas começaram a juntar-se a meio da manhã para alertar para o que consideram ser uma degradação da democracia guineense e um convite português que vem "branquear" a atual realidade política do país.
"Tendo em conta o contexto político na Guiné-Bissau de um desmantelamento das liberdades democráticas que foram conquistadas, achámos que havia necessidade de fazer uma crítica ao Estado português por um convite endereçado ao atual Presidente da Guiné-Bissau, o senhor Umaro Sissoco. Quem está atento à situação política tem noção do caos que está a ser criado neste momento, no sentido de permitir que ele continue no poder", afirmou à Lusa Youssef, ativista guineense na diáspora e porta-voz dos que hoje se concentraram em Lisboa.
"Há quem diga que Abril está por cumprir. Cinco décadas depois, diria que Abril mudou. O país quer mais, exige mais; exige mais saúde, mais educação, mais saúde, mais habitação, mais justiça e mais desenvolvimento. E o país tem razão. Queremos continuar a concretizar os nossos sonhos. Temos é mais sonhos e sonhos maiores", disse o presidente da Assembleia da República".
É essa pesada herança que explica tantos e tantos portugueses desiludidos, tantos e tantos portugueses zangados, tanta e tanta polarização, tanta radicalização e tanto populismo. Devemos culpar os portugueses por isso? Devemos culpá-los pelas suas escolhas nas urnas?", questionou. "A desilusão de uns resolve-se com boa governação. A polarização de outros resolve-se com soluções. Com ações concretas e não com palavras e discursos mais ou menos inflamados. E notem a expressão que propositadamente utilizei. Resolver. Não combater", acentuou.
“Há princípios que devemos entender como direitos e que o poder político até tem dificuldade em digerir, disse Aguiar Branco. "O direito e o dever de exigir mais de quem nos governa, de concretizarmos os nosso sonhos individuais. Nada disso existia no dia 24”, disse, sustentando que “só há verdadeira liberdade quando há autonomia e independência financeira.”
O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco, quis acabar com o "mito de um dia sem sangue", recordando os mortos do 25 de Abril. "Há pelo menos quatro famílias que discordam", disse, recordando as as últimas vítimas da PIDE: Fernando Giesteira, João Arruda, José Barreto e Fernando Barreiros dos Reis", cuja família acedeu ao nconvite de estar na AR e foi aplaudida de pé.
O presidente da Assembleia da República começou por elogiar os "capitães de Abril", partilhada com todos os "homens e mulheres que saíram à rua" naquele dia e não fugiu às polémicas da atualidade. "Alimentamos debates e guerras culturais sobre Abril, mas esquecemos o mais importante: se o golpe tivesse falhado, o regime teria sobrevivido", disse. "Portugal teria sobrevivido, mas seria pior".
Ana Cabilhas, do PSD, começou por lembrar um Portugal pré-25 de Abril no qual as crianças "não terminavam a quarta classe", em que "os jovens tinham de decidir entre matar, morrer ou fugir à pátria" e em que as mulheres "não podiam ser donas de si". Era, por isso, um país "que sonhava em ser livre", frisou.
De seguida, a social-democrata reconheceu que a democracia não pode limitar-se a "sobreviver", tendo também de "florescer", sustentando que esta deve ser "melhorada e reconciliada com o povo". Apontando o dedo à sua Direita, criticou os "extremistas" que "radicalizam a sociedade" e a dividem entre "os políticos e o povo". Dizendo rejeitar "soluções simples para problemas complexos", contrapôs que "os políticos estão ao serviço do povo", recebendo palmas da sua bancada e, também, algumas vindas de deputados do PS.
Contudo, a deputada também endereçou uma crítica implícita à Esquerda, dizendo rejeitar igualmente "vagas wokistas", a "nova censura do bem" ou a "doutrinação da educação". Propôs que se substitua a "política de café e das redes sociais" por uma maior participação cívica.
Antes do PSD, também a IL tinha criticado o "wokismo" - um tema pouco habitual nos discursos dos dirigentes do partido. Já a "doutrinação da educação" é um tema não consensual à Direita, sendo, sobretudo, bandeira do Chega.
O secretário-geral PS, Pedro Nuno Santos, considera que "Abril é mais do que história, é mais do que memória, é vitória". Ao discursar na AR, exemplificou como o portugueses venceram, "apesar do trabalho imperfeito e inacabado" que é o 25 de Abril.
"Portugueses venceram, porque construíram um SNS que não pergunta a ninguém se tem dinheiro para pagar os tratamentos e permitiu ter níveis de saúde ao nível dos mais ricos; porque construíram uma escola pública que garante a todas a crianças formação de qualidade, independentemente dos recursos do pais; venceram porque construíram em conjunto um sistema nacional de pensões que protege as crianças e os mais velhos; criaram um sistema de proteção laboral que protege os trabalhadores da discriminação do patrão; venceram porque mostraram que um Estado de direito não é um obstáculo à liberdade, mas um instrumento ao serviço de todos."
Num discurso em que apontou também à extrema-direita, Pedro Nuno Santos disse que "os portugueses conquistaram o direito a amar quem querem e como se sentem" e que "Abril não proibe nenhuma família, é liberdade e alegria."
O secretário-geral do PS disse que "as mulheres libertaram-se e emanciparam-se" com o 25 de Abril e avisou os saudosistas. "A partilha do poder e o fim da hegemonia do homem gera receio. Mas já não há recuo possível, as mulheres já conquistaram o direito a perseguir os seus sonhos", disse.
André Ventura, do Chega, disse que, depois de ouvir as palavras de Marcelo na véspera, sobre o pagamento de reparações históricas devido ao colonialismo, decidiu não trazer "nenhum papel" e falar "cara a cara" com o país. "A todos os ex-combatentes desta pátria, fazemos aqui uma enorme saudação de Abril, porque é vossa, também, a democracia portuguesa", referiu.
Dirigindo-se a Marcelo, Ventura afirmou: "O sr. presidente traiu os portugueses". Dizendo-lhe que deve "respeitar" o país, indagou: "Pagar o quê? Pagar a quem?". Foi muito aplaudido pelos deputados da sua bancada.
Com um sorriso na cara, o líder do Chega lembrou que, "ironicamente", nos 50 anos de Abril há 50 deputados do seu partido no Parlamento. Considerou que o regime atual gerou uma "oligarquia agarrada ao poder e ao dinheiro" e pediu mais "dignidade" para os portugueses.
O secertário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, saudou os capitães de Abril no início do discurso e provocou uma reação da bancada socialista que se levantou, assim como muitas outras pessoas na Assembleia da República, que se juntaram num aplauso de pé a alguns dos homens que fizeram a Revolução presentes no Parlamento.
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo terminou o discurso com uma frase em emblemática: "25 de abril sempre, fascismo nunca mais", depois de iniciar a preleção no Parlamento a "evocar a coragem dos jovens capitães de abril. "
Foi sobre os jovens "os que deram a vida durante os 48 anos de resistência", os que fizeram a revolução e os que hoje sofrem com baixo salários e precariedade que falou. Para Paulo Raimundo, "Abril não é a maioria dos jovens ganharem mil euros de salário por mês", é "a juventude ter condições de viver, trabalhar e fazer a sua vida no seu próprio país".
"Abril é SNS e garantir, a partir dele, acesso a todos à saúde. É o direito à escola pública e aos mais elevados níveis de ensino para todos. É o direito à habitação, não à proteção da banca e dos especuladores", frisou. Abril, prosseguiu, "é contra todo o tipo de discriminações" e "rejeita o ódio, o racismo e a xenofobia", além de ter libertado "o país do fascismo e desse regime de corrupção organizada e silenciada".
“A memória e a história são liberdade e não somos menos livres porque temos uma história de 900 anos. E e não, senhor presidente, a história não obriga à penitência”, disse o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha. “Quem declara ser nossa obrigação indemnizar terceiros pelo nosso passado, atenta contra os interesses do país, reduz-se à condição de porta-voz de sectarismos importados e sobretudo afasta-se do compromisso de representar a esmagadora maior dos portugueses”, acrescentou, juntando-se ao CDS na rejeição à ideia de reparação colonial avançada por Marcelo Rebelo de Sousa.
Rui Rocha começou o discurso citando versos da canção "Somos Livres", interpretada por Ermelinda Duarte. Nas asas da gaivota que voava, voava, o líder da Iniciativa Liberal disse que "ainda hoje a IL apresentará uma deliberação nesta assembleia para que o programa das comemorações do 25 de abril passe a incluir uma cerimónia solene dos cinquentenário do 25 de novembro.”
Mariana Mortágua, do BE, lembrou a pobreza, a guerra colonial "maldita" ou a "secundarização das mulheres" para saudar os 50 anos do 25 de Abril, "o dia em que o medo mudou de lugar". Apontou o dedo às "carpideiras do salazarismo", que "culpam a democracia e a Constituição pela pobreza que persistiu" ou pelo "amargo das promessas não cumpridas".
A líder bloquista quis também deixar um repto para um "manifesto sobre o futuro": "O que nos assombra é o capitalismo", sustentou. Argumentou que é este sistema económico que transforma "tecnologias em ameaças", que "sacrifica a imigração", que "destrói o planeta de amanhã em nome dos dividendos de hoje" e que semeia o "discurso de ódio", pintando a injustiça social como triunfo do "mérito".
Fazendo uma adaptação de uma frase feita, Mariana Mortágua afirmou que "a liberdade começa quando começa a liberdade dos outros", defendendo que uma sociedade só é viável quando imgina e constrói um "futuro coletivo". Tal como já tinha ocorrido com Livre e PCP, também a bloquista foi aplaudida pelos deputados do PS e por vários parlamentares dos outros partidos de Esquerda.
O líder parlamentar do CDS/PP, Paulo Núncio, rejeitou a ideia apresentada por Marcelo Rebelo de Sousa de que Portugal tem de pagar pelo colonialismo. "Não sentimos necessidade de visitar heranças coloniais. Não queremos controvérsias históricas nem deveres de reparação que parecem importados de outros contextos, fora do quadro lusófono", disse no discurso do 25 de Abril.
“A história é a história, e o nosso dever é o futuro. Construído e alicerçado por estados soberanos, espalhados pelos quatro continentes, sem discriminações ou preconceitos”, disse Paulo Núncio, que tinha elogiado “a excecional capacidade que Portugal e os novos estado lusófonos tiveram, em apenas meio século, para reinventar” o relacionamento entre países. “A lusofonia é hoje uma dimensão importante de todos os membros da CPLP”, acrescentou.
Num discurso em que criticou a eutanásia e o direito à interrupção voluntária da gravidez - "não foi para isto que o regime mudou" -, o líder parlmentar do CDS defendeu que Portugal deve também "celebrar - e não esquecer - os 50 anos do 25 de Novembro".
Rui Tavares, do Livre, contou uma história familiar, relatando que a sua mãe, que trabalhava em casa de um "brigadeiro do regime", tinha "pesadelos com o ditador". O patrão dizia-lhe: "Cuidado, Lucília: se você tivesse mais educação, já estava presa". Esse episódio levou o deputado a concluir que "até os defensores do regime sabiam perfeitamente que o medo era o que os sustentava", pelo que contavam que o país tivesse "muito medo e pouca imaginação".
Tavares descreveu o 25 de Abril como "a mais bela revolução do séc. XX", sendo aplaudido por toda a bancada do PS. Pediu que não se dê atenção aos "inimigos de Abril" que menosprezam este acontecimento histórico porque desejam "fama ou poder". Numa referência ao 25 de Novembro, referiu que há mais dias que "nos dizem muito", mas são "todos incomparáveis com o dia que os criou".
O deputado sugeriu ainda que o Parlamento instale uma estátua feminina em homenagem às mulheres de Abril. Terminou o discurso aplaudido de pé pela bancada do PS, recebendo também aplausos de deputados de BE e PCP.
A jovem deputada Ana Gabriela Cabilhas, de 27 anos, será a deputada a fazer o discurso da parte do PSD. A parlamentar, eleita pelo Porto, foi presidente da Federação Académica do Porto. É um novo sinal dado pelo partido de que está atento aos problemas dos jovens, dias após a escolha de Sebastião Bugalho, de 28 anos, como cabeça de lista para as eleições europeias.
Os discursos das restantes forças políticas serão feitos pelos respetivos líderes - exceção feita ao CDS, uma vez que Nuno Melo é ministro. Assim sendo, o discurso democrata-cristão ficará a cargo do líder parlamentar, Paulo Núncio.
As intervenções serão feitas por ordem crescente de representação parlamentar. Assim, começará o PAN, seguindo-se CDS, Livre, PCP, BE, IL, Chega, PS e PSD. De seguida discursará o presidente da Assembleia da República, Aguiar-Branco e, por último, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Inês Sousa Real, do PAN, é a primeira a usar da palavra. Avisa que "os direitos conquistados estão, aos poucos, a ser postos em causa", dando o exemplo dos direitos das mulheres e, também, dos animais.
Referindo-se ao 25 de Abril como a "revolução da empatia", afirma que é "hora de sintonizarmos uma nova música de Abril", para que não se "silencie" a voz do progresso e não regresse a "cultura do medo".
O presidente da República também já chegou ao Parlamento, onde foi recebido pelo presidente deste órgão de soberania, José-Pedro Aguiar-Branco. A banda da GNR entoou o hino nacional.
Nos últimos dias, Marcelo Rebelo de Sousa viu-se envolvido numa polémica, devido a declarações que fez durante um jantar com jornalistas estrangeiros. Entre outras observações, disse que Luís Montenegro tem um perfil "rural", que António Costa é "lento" por ser "oriental" e que a procuradora-geral da República, Lucília Gago, teve uma atitude "maquivélica" na altura da abertura do processo que levaria à saída do anterior primeiro-ministro.
Cinquenta anos depois do 25 de Abril, os portugueses fazem um retrato sombrio do país. Uma sondagem para o o JN, DN e TSF mostra a maioria está insatisfeita. Habitação e Justiça são os direitos sociais mais comprometidos, mas a Educação, Trabalho, Segurança Social, Saúde e Ambiente também são negativos. Pormenores, aqui
Luís Montenegro acaba de chegar ao Parlamento para a sua primeira cerimónia do 25 de Abril enquanto primeiro-ministro. Chegou de mão dada com a mulher, Carla Montenegro, sem cravo na lapela. Foi recebido por Teresa Morais, vice-presidente da Assembleia da República.
Os antigos presidentes da República, Ramalho Eanes e Cavaco Silva, chegaram minutos antes.
O presidente da República condecorou na quarta-feira o Movimento das Forças Armadas (MFA), a título póstumo, com o grau de membro honorário da Ordem da Liberdade durante um jantar comemorativo do 25 de Abril. Mais aqui para ler
A freguesia de Estoi, em Faro, assinalou os 50 anos do 25 de Abril com a colocação de cinquenta reproduções de cravos, na escadaria da igreja matriz. Uma iniciativa idealizada e executada por populares.
A manhã do 25 de Abril de 1974, no Porto, foi tímida mas atenta. Nos 50 anos da data que mudou Portugal, Associação das Colectividades do Concelho do Porto organizou vários jogos tradicionais que estão a juntar famílias na praça General Humberto Delgado, em frente à sede da Câmara Municipal. Mostrar aos filhos e netos da liberdade como se brincava antes.
Alguns dos militares que fizeram Abril desfilaram esta quinta-feira de manhã no Terreiro do Paço, com algumas das mesmas viaturas que há 50 anos partiram de Santarém para resgatar a Liberdade e criar a Democracia em Lisboa.
Os militares mortos em combate foram também homenageados esta manhã, no Terreiro do Paço. Segue-se o desfile das tropas em parada, com cerca de mil militares de todos os ramos das Forças Armadas.
Portugal celebra hoje o 50.º aniversário do 25 de Abril com um programa de comemorações alargado que inclui a tradicional sessão solene no Parlamento. Antes é no Terreiro do Paço, como em 1974, que tudo começa.
O Hino Nacional deu início oficial às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, às 9.28 horas desta quinta-feira. Cantado por elementos das Forças Armadas, em parada para o presidente da República, foi acompanhado por uma salva militar.
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chegou ao Terreiro do Paço, às 9.26 horas da manhã desta quinta-feira, quatro minutos depois, como estava previsto, da segunda figura do Estado, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco. O chefe de Estado foi recebido com honras militares, acompanhado pelo ministro da Defesa e pelos chefes dos vários ramos das Forças Armadas portuguesas.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, também já está no Terreiro do Paço para assisitr ao desfile militar que celebra e recorda o 25 de Abril. Foi recebido com um abraço por Nuno Melo
Ramalho Eanes, o primeiro presidente da República eleito em Portugal em Democracia, é uma das figuras presentes nas comemorações do 25 de Abril, esta manhã, em Lisboa. Chegou ao Terreiro do Paço acompanhado pelo ministro da Defesa, Nuno Melo.