Uma soma anos de experiência em lugares de máxima responsabilidade na área da saúde e está agora à frente de um dos mais importantes centros hospitalares de Lisboa. Outra ocupa o mesmo cargo, mas num centro hospitalar do interior do país. Duas líderes, com idades e percursos diferentes, num setor cada vez mais feminino.
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Quando, há 30 anos, Rosa Valente Matos integrou a administração do Hospital de Évora, só havia homens. Foi sempre "bem tratada" e aprendeu muito, mas reconhece as diferenças para os dias de hoje: "o país fez um grande caminho nesta área". Com 60 anos, já foi presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, secretária de Estado da Saúde e, desde 2019, é presidente do Centro Hospitalar Lisboa Central.
O percurso profissional foi "desafiante e exigente" para uma mulher casada e com filhos, mas possível. Recorda, com gargalhadas, aquele final de dia em que estava ao telefone, com a filha ao colo e a mexer a sopa. "Talvez um homem não fosse capaz", ri-se.
Homens e mulheres são diferentes na forma de liderar, de interagir com as equipas, de organizar o tempo, mas isso "não nos torna nem melhores, nem piores". "Ao final do dia, o que se tem de avaliar é o que cada um consegue fazer", realça Rosa Matos.
Quando o convite chegou, no verão de 2019, Rita Castanheira tremeu. Já trabalhava na administração do IPO de Lisboa, mas a ideia de assumir o cargo máximo do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro pareceu-lhe "assustadora". "Não por ser mulher, isso nunca me afetou", garante. Foi por saber a exigência do cargo e por recear não ter as competências necessárias, recorda.
Aos 46 anos, é presidente de muitas mulheres (74% de taxa de feminização no hospital), mas não sente qualquer vantagem ou desvantagem. É o trabalho em equipa, feito por homens e mulheres, que permite concretizar projetos.