Há uns anos não se ouvia falar de mulheres presidentes de hospitais, mas a realidade tem vindo a mudar. Num total de 42 conselhos de administração de centros hospitalares, hospitais e unidades locais de saúde do setor empresarial do Estado (EPE), 17 são presididos por mulheres (41%). Em 16 daqueles órgãos, compostos por cinco elementos (presidente, diretor clínico, enfermeiro diretor e dois vogais executivos), elas estão em maioria. Hoje, assinala-se o Dia Municipal para a Igualdade.
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O caminho percorrido nos últimos anos foi impulsionado por uma taxa de feminização muito elevada na Saúde e por legislação que impõe o equilíbrio do género nestes órgãos de gestão (ler ao lado). A mudança está também acontecer ao nível das direções de serviço e chefias intermédias. "Há uns anos a quantidade de mulheres que chegavam aos cargos de chefia não era proporcional ao número de mulheres que trabalhavam nesses serviços", nota Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares.
Um levantamento feito pelo JN mostra que a liderança é mais feminina nos hospitais do setor empresarial do Estado (EPE) de Lisboa e Vale do Tejo. Em 11 instituições, oito são presididas por mulheres, nomeadamente os centros hospitalares Lisboa Central, Lisboa Ocidental, Barreiro Montijo e do Oeste, bem como os hospitais Fernando da Fonseca, Garcia de Orta, Beatriz Ângelo e de Santarém.
Sinais de mudança
No Centro, há duas instituições presididas por mulheres - Centro Hospitalar do Baixo Vouga e Hospital da Figueira da Foz - , no Alentejo outras duas - ULS Baixo Alentejo e Litoral Alentejano - e no Algarve, o único centro hospitalar tem liderança feminina. A Norte, até há uma semana havia apenas um exemplo, o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro. Mas há sinais de mudança.
Como noticiou o JN, a presidência do Centro Hospitalar Universitário S. João vai ser ocupada por Maria João Baptista, que deixa a direção clínica para ocupar o lugar vago deixado por Fernando Araújo.
Os números são dinâmicos e há vários conselhos de administração à espera de nomeação. Esta manhã, toma posse a nova administração do IPO do Porto, que mantém a liderança masculina. Ao contrário dos outros dois IPO, de Lisboa e de Coimbra, que são presididos por mulheres.
Elas lideram maioria dos hospitais SPA
Nos hospitais do setor público administrativo (SPA) - Hospital Arcebispo João Crisóstomo, em Cantanhede, Centro de Medicina de Reabilitação do Centro Rovisco Pais, Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa e Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto - há uma maioria de mulheres presidentes. Entre os SPA, apenas o Hospital Dr. Francisco Zagalo, em Ovar, é liderado por um homem.
Lei é de 2017
Enquanto entidades do setor público empresarial (EPE), os hospitais estão obrigados pela Lei 62/2017 de 1 de agosto a ter uma "representação equilibrada" de homens e mulheres nos conselhos de administração. A proporção de homens e mulheres em cada órgão de administração não pode ser inferior a 33,3%. O incumprimento do limiar mínimo determina a nulidade da nomeação para o órgão de administração.
76,5% de mulheres no SNS
A taxa de feminização global no Serviço Nacional de Saúde é de 76,5%, segundo o último relatório social (2018). Na administração pública em geral, é de 60,2%.