As duas denúncias de suspeitas de abusos sexuais na Igreja recebidas pela Presidência da República e posteriormente enviadas para a Procuradoria Geral da República (PGR), ao que tudo indica, têm por base informações enviadas pelo padre Roberto Sousa, ex-pároco de Canelas, na diocese do Porto.
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Em causa está a denúncia feita pelo sacerdote (que neste momento não tem tarefas eclesiásticas atribuídas) de que um outro padre, atualmente a exercer na diocese de Braga, teria abusado sexualmente de menores, um caso que D. José Ornelas, na altura superior hierárquico de ambos os padres, terá encoberto.
O atual bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) foi ainda acusado de encobrimento de abusos sexuais cometidos num orfanato em Moçambique, em 2011. Uma das situações de abusos terá ocorrido, em Moçambique, e a outra no Seminário dos Montes Claros, em Fátima, em espaços geridos pelos Missionários Dehonianos a que pertence D. José Ornelas. O bispo nega que tenha ocultado qualquer suspeita.
O sacerdote denunciado por Roberto Sousa como tendo cometido abusos em Fátima, depois de se ter autoafastado das paróquias onde estava colocado, já voltou ao ativo e é pároco na diocese de Braga. Nunca foi condenado por qualquer crime, o arcebispo de Braga não lhe aplicou qualquer sanção e assegurou que ele não faz parte da lista dos padres suspeitos de abusos a menores. O caso de D. José Ornelas, suspeito de ter ocultado abusos, ao que tudo indica, continua em aberto.
Os dois padres tiveram litígios em tribunal, sendo que terão chegado a um acordo que implicava um pedido de desculpas público por parte do sacerdote acusador. O acordo nunca chegou a ser totalmente cumprido.