O antigo primeiro-ministro e presidente do PSD Durão Barroso lembra Francisco Pinto Balsemão como um "fundador da democracia", destacando o legado de liberdade daquele que considera ter sido o "político português mais cosmopolita da sua geração".
Corpo do artigo
"Ele foi não apenas fundador de um dos maiores partidos portugueses, o PPD/PSD, foi também, nessa qualidade, um fundador da nossa democracia. Mas já antes do 25 de Abril de 1974, tinha sido fundador do jornal Expresso, um dos títulos mais influentes da comunicação social portuguesa, que foi essencial também na altura para a afirmação da liberdade, num regime que ainda não reconhecia essa liberdade", frisou Durão Barroso em declarações à agência Lusa.
Durão Barroso sublinhou também a sua relação de amizade e companheirismo de "muitas lutas políticas" com Pinto Balsemão e recordou o militante número um do PSD como "o político português mais cosmopolita da sua geração".
Leia também Último adeus a Pinto Balsemão: velório hoje e missa amanhã no Mosteiro dos Jerónimos
Pinto Balsemão, lembrou o antigo presidente da Comissão Europeia, era "aquele que tinha mais relações internacionais, não só na política, mas na economia, nas empresas, na comunicação social, a nível europeu e a nível global".
"Era um homem com uma rede importantíssima e diversificada de contactos, alguém que combinava esse cosmopolitismo com, obviamente, o amor ao seu próprio país, a Portugal. Era alguém que tinha uma paixão grande pela liberdade e, sobretudo, uma paixão pela vida, que tinha uma grande curiosidade intelectual, curiosidade intelectual que ia para além da política", sublinhou.
Durão Barroso considera que Balsemão deixa um legado de "paixão pela liberdade", mesmo nas "funções, por vezes, contraditórias e difíceis" que tinha na política e na comunicação social. "Ele mostrou que sabia respeitar a necessária independência e o espírito de tolerância. Portanto, foi uma grande perda, penso eu, para o país, aquela que agora cedeu e, obviamente, que queria aproveitar para exprimir à sua família as minhas mais sinceras condolências", concluiu o antigo chefe de Governo.
Leia também À esquerda e à direita, partidos destacam "personalidade incontornável"
Francisco Pinto Balsemão, antigo líder do PSD, ex-primeiro-ministro e fundador do Expresso e da SIC, morreu na terça-feira aos 88 anos.
Balsemão foi fundador, em 1973, do semanário o Expresso, ainda durante a ditadura, da SIC, primeira televisão privada em Portugal, em 1992, e do grupo de comunicação social Impresa.
Em 1974, após o 25 de Abril, fundou, com Francisco Sá Carneiro e Magalhães Mota, o Partido Popular Democrático (PPD), mais tarde Partido Social Democrata PSD. Chefiou dois governos depois da morte de Sá Carneiro, entre 1981 e 1983, e foi, até à sua morte, membro do Conselho de Estado, órgão de consulta do Presidente da República.