Esta segunda-feira, o PSD fez saber que pretende ouvir Miguel Alves com urgência no Parlamento, pedido que deverá ser analisado na terça-feira em conferência de líderes. No entanto, recorde-se que o Parlamento se encontra, neste momento, a discutir o Orçamento. Por norma não são convocadas audições até ao fim deste processo, que só termina a 25 de novembro.
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As ondas de choque do adiantamento de 300 mil euros feito pelo então autarca de Caminha e atual secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, também estão a causar incómodo no próprio PS. A ex-ministra de António Costa e atual deputada Alexandra Leitão, bem como Ana Gomes, alertaram que casos como este alimentam o populismo, com o também antigo ministro socialista João Cravinho a sugerir que se suspenda o mandato de Miguel Alves.
"Acho todo este caso um bocadinho incompreensível", afirmou Alexandra Leitão no programa "Princípio da Incerteza", da TSF e CNN. Na opinião da deputada, a permanência de Miguel Alves no Governo cria "uma vulnerabilidade desnecessária" ao Executivo.
Alexandra Leitão lembrou que, no passado, o primeiro-ministro afastou outros governantes nas mesmas circunstâncias (ver ficha)."A regra foi: foram constituídos arguidos, saem do Governo", frisou. Se casos como este forem relativizados, a deputada acredita que "o populismo vai grassar".
Ana Gomes frisou que, em vez de esclarecer o assunto, o secretário de Estado preferiu"vitimizar-se" na entrevista de domingo ao JN/TSF. Na SIC, a antiga eurodeputada também criticou Costa por "tentar abafar" o caso. E, tal como Alexandra Leitão, avisou que o tema "dá munições a quem quer destruir a democracia".
PSD e Chega pedem "esclarecimento cabal"
No entender de João Cravinho, Miguel Alves deveria ser temporariamente afastado. À Renascença, o antigo ministro de António Guterres defendeu que, caso a lei o permita, "devia fazer-se a suspensão do exercício de funções até que tudo estivesse devidamente enquadrado e esclarecido".
Esta segunda-feira, o PSD entregou, no Parlamento, um pedido para a "audição urgente" de Miguel Alves. No Minho, o líder, Luís Montenegro, considerou que o governante "não está "suficientemente habilitado" a ficar no cargo. E também criticou o "critério diferente" de Costa comparando com casos anteriores.
O Chega quer igualmente ouvir Miguel Alves. André Ventura vincou que, quando surgem casos destes nos governos, os visados "demitem-se ou são demitidos".
Pormenores
Demissões em 2016
Em 2016, três secretários de Estado (Rocha Andrade, Jorge Oliveira e João Vasconcelos) apresentaram a demissão depois de terem sido constituídos arguidos no caso dos bilhetes do Euro 2016 oferecidos pela Galp. Montenegro elogiou a "total frontalidade" de Alexandra Leitão por ter recordado o caso.
PGR abre inquérito
A PGR abriu um inquérito ao caso de Caminha, o que levou Miguel Alves a pedir para prestar esclarecimentos.