A deputada do PS Isabel Moreira é a mais recente figura socialista a pedir a demissão do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves. Na CNN, a parlamentar defendeu que o governante deve "demitir-se ou ser demitido", acusando-o de se "vitimizar" e de não ter explicado os factos "de forma satisfatória". Alguns outros socialistas, como a ex-ministra e atual deputada Alexandra Leitão ou a antiga eurodeputada Ana Gomes, também têm pedido o afastamento de Miguel Alves.
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Isabel Moreira considerou "difícil de explicar" o caso que envolve o secretário de Estado, respeitante ao adiantamento de 300 mil euros para construção de um centro de exposições, feito pela Câmara de Caminha quando o município era presidido por Miguel Alves. Por esse motivo, entende que o governante não devia ter esperado uma semana para se pronunciar, o que ocorreu em entrevista ao JN/TSF, no domingo.
"Quando explicou, escudou-se num parecer jurídico de um professor", criticou Isabel Moreira, aludindo ao facto de, na entrevista, o governante ter mencionado que Licínio Lopes, membro do Conselho de Magistratura, deu o aval ao processo. "Francamente, não é coisa que um eleito possa fazer", vincou a socialista.
Tal como Alexandra Leitão já tinha feito - e o líder do PSD, Luís Montenegro, reforçou na segunda-feira -, também Isabel Moreira lembrou que, noutras ocasiões, membros do Governo que foram constituídos arguidos deixaram o Executivo. Mencionou, em concreto, os três secretários de Estado que saíram em 2017, na sequência do "Galpgate".
Arguido em dois casos
Isabel Moreira considerou ainda que o primeiro-ministro não pode relativizar o assunto. "António Costa andou bem quando disse "à justiça o que é da justiça, à política o que é da política" quando foi o caso de José Sócrates. Mas Sócrates estava fora da esfera de poder. Portanto, é um caso completamente diferente", frisou.
Miguel Alves é arguido, desde 2019, na "Operação Éter" - que investiga as Lojas Interativas da Turismo do Porto e do Norte -, juntamente com outros 58 autarcas e ex-autarcas. Segundo o "Observador", também é arguido na "Operação Teia" - que, em setembro, levou a buscas na Presidência do Conselho de Ministros.
Esta quinta-feira, o PS reúne a comissão política, o que ocorre pela primeira vez na atual legislatura.