José Pedro Aguiar-Branco considerou, esta segunda-feira, que "não está a ser dita a verdade" sobre os reembolsos do IRS, e que existe "manipulação" de informação "para fins eleitorais".
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O presidente da Assembleia da República, que se candidata como cabeça de lista da AD às legislativas pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo, falava naquela cidade numa ação de apresentação da candidatura, onde anunciou que se irá resguardar do “confronto político” durante a campanha, por “respeito institucional” ao cargo de “segunda figura de Estado”, que pretende “exercer até ao fim”. Recusou, por isso, responder a uma pergunta de uma jornalista sobre a acusação de André Ventura ao Governo de “fraude no IRS”, remetendo uma eventual posição para o número 2 da lista, João Esteves.
Além de críticas do líder Chega, também Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, acusou esta segunda-feira o primeiro-ministro de “governar a pensar em eleições”, dando como exemplo as alterações das tabelas de retenção do IRS, que, no seu entender, fizeram com que “houvesse menos reembolsos”.
Sobre a polémica, Aguiar-Branco, declarou: “Se quisermos falar verdade, seja à esquerda ou à direita, uma coisa é subir ou baixar impostos, há quem ache que não se deve baixar, nós entendemos que sim, mas isso é legítimo no espaço das opções políticas. São opções e os portugueses escolhem. Depois fazer uma manipulação errada da retenção ou daquilo que é o rendimento é que já não é legítimo”.
Indicou ainda que o reembolso “não é um rendimento suplementar que a pessoa deixou de receber”, mas significa que “se não recebeu agora é porque pagou menos na retenção. E foi mais sério o Estado” nas contas.
“Isto parece-me tão fácil de explicar e tão feio de fazer demagogia à volta disto, porque depois baralha as pessoas e descredibiliza a ação política e descredibiliza quem deseje manipular isto para fins eleitorais”, defendeu o cabeça de lista por Viana, que disse esperar das eleições de maio, que os portugueses deem “uma maioria confortável” à AD para que possa cumprir “o programa para quatro anos”, que não foi cumprido porque “a Legislatura foi interrompida”.
“Se rebobinarem há um ano, foi possível resolver problemas e manter as contas certas. Valorizamos 19 carreiras da Função Pública”, afirmou, adiantando que o lema da Aliança Democrática assentará em “três palavras: ambição, estabilidade e responsabilidade”.
Aguiar-Branco apelou ainda à ida às urnas nas próximas eleições, comentou que as baixas audiências dos debates políticos demonstram “afastamento entre os eleitores e os eleitos”.
“As pessoas estão fartas de eleições. Não queriam eleições e nós não podemos deixar que elas fiquem fartas da democracia”, declarou José Pedro Aguiar-Branco, defendendo que “é preciso cuidado” e “fazer com que as pessoas fiquem menos crentes na democracia”, já que “com isso aumentam-se os populismos, os extremismo e a demagogia”. “A abstenção não é nunca uma boa solução em democracia. Devemos incentivar as pessoas que vão votar”, concluiu.
Aguiar-Branco que é cabeça de lista por Viana, pela segunda vez - já o tinha sido há um ano-, afirmou que a sua candidatura vai de encontro "à vontade distrital e nacional" do partido, e também à sua própria por "uma questão de lealdade e coerência com quem votou [na AD] para um mandato de quatro anos".