Taxa de abstenção na região sempre foi abaixo da nacional. Três concelhos do Centro com maior participação.
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Em nove eleições presidenciais desde 1976, o Norte foi, em todas, a região do país com menor taxa de abstenção, variando entre 14,6% (1980) e 50,5% (2011), sempre abaixo da média nacional. Porém, os concelhos com maior índice de participação eleitoral situam-se no Centro do país.
"Nas últimas quatro décadas, a taxa de abstenção da região Norte variou entre 14,5% (1980) e 50,5% (2011), sendo sempre inferior à taxa de abstenção a nível nacional", conclui um estudo da Pordata, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a divulgar hoje.
Segundo esse estudo, em nove eleições presidenciais, em que foram colocados nas urnas um total de 45,6 milhões de votos, a média nacional em termos de abstenção variou entre os 15,8% (também nas eleições de 1980) e 53,5% (2011).
Em contraponto, os Açores foram a região do país onde a abstenção foi sempre mais elevada do que a média nacional. "Desde 1976, a região dos Açores é a região do país (NUT II) com níveis de participação nas eleições presidenciais mais baixos. Em 1976, a taxa de abstenção foi de 32,2% e, em 2016, foi de 69,1%", revela.
Soares e os míticos 70,4%
Apesar de ter sido sempre no Norte que os eleitores mais acorreram às urnas, em termos concelhios, os municípios com maior participação eleitoral situam-se no Centro. "Mação, Sardoal e Vila de Rei são os únicos municípios onde a taxa de abstenção foi inferior a 40% em qualquer das presidenciais", aponta a Pordata.
Aliás, foi em dois desses concelhos que se bateram recordes em termos de participação eleitoral. "A nível municipal, o máximo histórico de participação em eleições presidenciais foi observado em 1980 no município de Avis (92,4%)", aponta a Pordata. Já em 2016, foi em Vila de Rei que "se registou a maior percentagem de participação (67,2%)".
Em termos gerais, as eleições de 1986 - em que participaram Mário Soares e Freitas do Amaral (a única com segunda volta, tendo Soares obtido 51,3%) - foram as mais participadas de sempre, com 5.935.294 votantes (abstenção de 21,8%).
Mário Soares foi, entre um total de 38 candidatos em nove eleições, o que conseguiu o maior resultado. Mas nas eleições de 1991, na sua segunda candidatura em que defrontou Basílio Horta e Carlos Carvalhas, tendo recebido 3.460.365 votos (70,4%). Uma percentagem que estará na mira do atual presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, segundo os seus opositores nas eleições de dia 24.
Em termos de percentagem de votantes face ao total de eleitores, foram as presidenciais de 1980, que ditaram a reeleição de Ramalho Eanes contra o general Soares Carneiro, que tiveram a maior participação: 84,2% dos votantes.
Saiba mais
Mais candidatos
Desde 1976, tem vindo a aumentar o número de candidaturas nas presidenciais. No total de nove eleições já ocorridas, concorreram 38 pessoas. As últimas, em 2016, contaram com dez candidaturas, quase o dobro face às anteriores.
Primeira mulher
Maria de Lourdes Pintasilgo foi a primeira mulher a concorrer às presidenciais, em 1986. As mulheres só voltaram à corrida 30 anos depois, com Maria de Belém Roseira e Marisa Matias.