Com quatro filhos entre os 2 e 13 anos, mãe desdramatiza: "O vírus é perigoso, mas não podemos viver cheios de medo".
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Por esta altura, há tantas dúvidas sobre o regresso às aulas que Alexandra Cruz, moradora em Santo Tirso, ainda não se atreveu a pensar "a sério" no assunto. Na segunda-feira, os quatro filhos - três meninas de 2, 6 e 13 anos e um rapaz de 9 - vão voltar ao colégio, seis meses depois de um confinamento que "não foi um mar de rosas". A mãe prefere não criar ansiedade, vai vivendo um dia de cada vez. "A informação é tanta, acerca da máscara, do manuseamento de materiais, se as aulas serão totalmente presenciais. É tudo muito novo".
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Na casa da família, valeu-lhes terem espaço exterior durante o confinamento. "O que nos safou foi não morarmos num apartamento. E mesmo assim, foi difícil manter a sanidade mental. Além do teletrabalho, tinha que dar-lhes apoio e tratar da casa. Foi muito exigente".
Agora, Alexandra Cruz vê com bons olhos o regresso à escola. "É um alívio voltarem à normalidade, para nós e para eles". Dos filhos não faltam perguntas, "se podem estar juntos no recreio, se vão andar de máscara". Mas Alexandra descomplica: "Tento não lhes provocar ansiedade. Eles já estão naturalmente ansiosos pelo regresso às aulas, como em qualquer ano. E são muitos meses sem verem os amigos".
capazes de se adaptar
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Não os preparou de forma especial. Os cuidados básicos eles já conhecem. "Lavar as mãos, trocar de roupa ao entrar em casa, isso não é novo para eles. Claro que vão crescer numa realidade de máscaras, mas não lhes incuto muito stress. Vão ter que ir aprendendo dia a dia e daqui a nada já estão perfeitamente adaptados, acho que eles são muito mais capazes de se adaptar do que nós".
Olívia, prestes a fazer 7 anos, confirma. Passou quase todo o 1.º ano da escola em casa. Vai para o 2º.º ano. "Quero voltar, porque tenho muitas saudades dos meus amigos", diz a pequena. Já tem os livros e promete que vai "aprender tudo".
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A mãe não tem dúvidas de que "ela precisa de aulas sem a barreira do ecrã". "É muito nova e há conteúdos que são difíceis de aprender à distância, principalmente para quem estava na escola pela primeira vez".
De todos os filhos, não há um que não queira voltar, incluindo Vicente, que vai entrar no ensino articulado, com aulas de piano. Mas Benedita, de dois anos, ainda no jardim de infância, é a que lhe gera mais stress.
"Na teoria, as regras têm que existir. Mas na prática, tenho dúvidas que consigam criar barreiras entre as crianças porque são crianças. O vírus é perigoso, mas não podemos viver cheios de medo".
Medos que Maria, 13 anos, a filha mais velha, não parece ter. Vai entrar no 8.º º ano. "Estou ansiosa por voltar e acho que estou preparada". Só o uso da máscara nas aulas é que a assusta. "Não me sinto nada confortável. Mas é preciso ter cuidado e andar para a frente".