De passagem pelo Porto, para participar na cimeira europeia Concordia, o vice-presidente da Comissão Europeia, o grego Margaritis Schinas, falou com o JN sobre políticas de imigração, segurança e defesa europeias e da adesão da Ucrânia à UE.
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Ninguém parece satisfeito com o novo Pacto para a Migração e Asilo. Nem as famílias políticas que o aprovaram no Parlamento Europeu, nem os governos de alguns dos estados-membros da União Europeia (nomeadamente a Polónia e a Hungria), e ainda menos a direita radical populista, que faz campanha prometendo reverter o pacto e endurecer as políticas migratórias e que, tudo o indica, terá uma força nunca vista depois das eleições para o Parlamento Europeu. Acredita que o pacto resistirá a tantas adversidades?
Em primeiro lugar, deixe-me dizer-lhe que não sei o que vou fazer da vida, mas nada jamais me tirará o orgulho e a emoção que senti quando o Conselho e o Parlamento aprovaram o pacto. Foi a primeira vez que a Europa conseguiu produzir um quadro regulamentar para a migração. Fizemos isto com o apoio das três principais famílias políticas [Partido Popular Europeu, Socialistas e Liberais] e também do ECR [Conservadores e Reformistas, grupo que inclui partidos da direita radical populista]. O facto de os populistas, de direita e de esquerda, Le Pen e Mélenchon [França], não gostarem, para mim, é uma prova de que estamos no caminho certo. Os populistas de esquerda e de direita preferiam que a Europa não tivesse qualquer pacto. Porque isso justificaria a sua narrativa de que a Europa é incapaz de produzir qualquer solução, de que a Europa é inútil. Os eleitores europeus votarão sabendo que existe uma política de migração europeia, e isso desestabiliza o populismo. Portanto, sim, estou confiante de que o pacto será implementado corretamente. Está ancorado no direito da UE. Cria obrigações ao abrigo do direito da UE. É generosamente financiado por recursos da UE. Está sob o escrutínio do Tribunal de Justiça Europeu. E caberá aos nossos sucessores no próximo ciclo político garantir que o que pusemos sobre a mesa como legislação será aplicado corretamente.