As recriações dos últimos momentos da vida de Cristo são cada vez mais uma aposta para reavivar a fé na época pascal e chamar visitantes, procurando dinamizar os territórios através do turismo religioso.
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Em Alijó, a Via Dolorosa, realizada na quarta-feira, foi o "maior musical com personagens ativos da Paixão de Cristo", segundo o diretor artístico, Marco Aurélio, que congregou para o espetáculo cerca de 600 pessoas das 14 freguesias do concelho. A vereadora Mafalda Mendes acredita que esta primeira experiência é a semente para a criação de um grande evento religioso, que pretende não só envolver a comunidade, "como atrair pessoas de outros concelhos e outras regiões para verem o espetáculo".
Por Santa Maria da Feira, as recriações contam quase três décadas e o número de devotos e visitantes que assistem à "Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém", "Última Ceia" e "Via Sacra" (hoje, pelas 21.30 horas, do Palácio da Justiça em direção ao Castelo) tem aumentado. O padre César Costa, presidente do Gólgota e coordenador da Semana Santa, sente que, ano após ano, "há um maior número de visitantes" e diz que a intenção é alargar o evento no "tempo e no espaço".
"Temos uma matriz cultural judaico-cristã que tornam estes momentos de reflexão e culturais importantes para todos nós", sublinha o edil Emídio Sousa, adiantando que a Câmara investe 45 mil euros e espera que os visitantes fiquem "no concelho mais do que um dia".
Em Porto de Mós, a aposta nestas festividades, iniciada em 2018, visa fazer renascer "uma antiga tradição de celebrações pascais" na vila, que "remonta à época da instalação da Congregação dos Agostinhos Descalços", explica o vereador Eduardo Amaral. São esperadas 100 mil pessoas na Semana Santa e o ponto alto será a via-sacra, hoje, pelas 16 horas, com partida da igreja de São Pedro, iniciativa que une autarquia e paróquia. Segundo Frédéric Cruz, encenador e diretor do grupo de Leirena, que dinamiza, a recriação com o apoio de pessoas da comunidade, "não se trata de um espetáculo, mas de uma celebração religiosa, feita com as pessoas sobre a fé delas".
À escala de Jerusalém
Na Mata do Bussaco, na Mealhada, onde há "a única réplica da via-sacra à escala de Jerusalém", a "Semana Santa é um marco, com muito turismo nacional e estrangeiro", conta Guilherme Duarte, líder da fundação que gere a mata.
A encenação da via-sacra, uma criação da companhia AtrapalhArte em comunhão com o Grupo Cénico de Santa Cristina, a Aguarela de Memórias e a Oficina de Teatro do Cértima, devia ter acontecido dia 1, mas devido à chuva foi reagendada para 18 de maio, quinta-feira da Ascensão. A nova data "mantém a ligação à morte e ressurreição" de Cristo, frisou o encenador Paulo Ribeiro, que readaptou o final.
* Com Maria Anabela Silva, Eduardo Pinto e Salomão Rodrigues