Entre Nice e o Mónaco, ativistas e altas figuras da Europa apelam à proteção dos oceanos
Enquanto centenas de pessoas marcharam, em Nice, para apelar à proteção dos oceanos, a 23 quilómetros de distância, no Mónaco, a presidente do Banco Central Europeu pediu o mesmo, considerando que preservar os mares "é um bom investimento". Na segunda-feira, arranca a 3.º Conferência do Oceano da ONU, em França.
Corpo do artigo
A terceira Conferência do Oceano das Nações Unidas arranca na segunda-feira em Nice, no sul de França, mas as iniciativas arrancaram este sábado, junto às praias da cidade da Côte d’Azur, com a “Marcha Azul”, onde centenas de pessoas desfilaram para apelar à proteção dos mares. No Mónaco, onde decorre o Fórum Financeiro da Economia Azul, integrado na cimeira da ONU, a presidente do Banco Central Europeu (BCE) afirmou que proteger o oceano é “um bom investimento”.
Sob o lema “Proteger os oceanos, proteger a vida”, muitos ativistas envergaram cartazes em inglês e em francês, em Nice, com mensagens como “Proteger significa proteger”, “Todos conseguimos reflorescer o oceano”, “Respeito” ou “Parem as máquinas, parem a exploração mineira no fundo do mar”. No país ao lado, a 23 quilómetros, perante uma plateia de representantes de Governos, de empresas e cientistas, Christine Lagarde bateu-se pelo mesmo ideal, considerando que a defesa dos mares “é de todos e não de alguns”. “Preservar o oceano é um bom investimento”, desafiou, após ter feito um ponto de situação da degradação a que chegou o sistema do oceano.
A presidente do BCE justificou com o aumento da temperatura e acidificação da água, mas também com o facto de três biliões de pessoas dependerem do oceano. Para Lagarde, é preciso proteger, preparar e antecipar para não “reagir quando já é tarde”. Nessa altura, “o custo do financiamento será muito alto”.
Sinais alarmantes
Para assinalar o Dia Mundial dos Oceanos, que se celebra este domingo, a associação ambientalista Zero considerou ontem que os sinais de alerta do oceano são alarmantes e que urge a sua proteção. Em comunicado, o organismo enumerou alguns desafios, como “as temperaturas da água do mar, que sobem a um ritmo mais acelerado do que as da atmosfera, e as emissões de gases com efeito de estufa, que não cessam”.
“Os benefícios que retiramos de um planeta com um vasto oceano estão diluídos num sistema económico que alimenta práticas destrutivas, conduzindo à degradação dos ecossistemas e perda contínua de biodiversidade”, lamentou. O fórum, que pretende “ativar o financiamento para restaurar a saúde dos oceanos e acelerar a transição para uma economia azul sustentável e regenerativa”, termina este domingo, no Mónaco. A Fundação Oceano Azul, cujo presidente executivo é Tiago Pitta e Cunha, organizou com o Governo francês o encontro SOS Oceano, que precedeu a 3.ª Conferência dos Oceanos das Nações Unidas.