Saúde e Educação preparam ajustes "residuais" às regras. Nova orientação será conhecida até 1 de setembro.
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Até 1 de setembro, as escolas vão receber as orientações a seguir no próximo ano letivo. Apesar de a vacinação de adolescentes e jovens contra a covid-19 estar mais avançada do que se previa ainda há um mês, as regras serão semelhantes às do ano passado, diz a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva. Nas escolas, os diretores estão a manter a lógica de horários desfasados, distanciamento possível, sinalética, higiene ou percursos diferenciados.
O referencial será enviado às escolas antes da apresentação dos professores, a 1 de setembro. Após o Conselho de Ministros de ontem, Mariana Vieira da Silva adiantou que as direções-gerais de Saúde e de Estabelecimentos Escolares vão reunir-se na próxima semana para agilizar contactos entre o Governo e as escolas. Quanto às normas propriamente ditas, mantêm-se as que já estão em vigor, só com "adaptações residuais".
110 mil inscritos
A vacinação de adolescentes e jovens - 110 mil entre os 12 e os 15 anos autoagendaram-se para imunização este fim de semana - não deverá alterar o funcionamento das escolas. E quando o novo referencial lá chegar, já o ano estará preparado, disseram ao JN vários diretores. Na Póvoa de Varzim, na secundária Eça de Queirós, o diretor, José Eduardo Lemos, deu o exemplo dos horários: 300 alunos entrarão às 8.20 horas e outros 300 após 30 minutos. O exercício será repetido de tarde, disse o também presidente do Conselho de Escolas. Em Ovar Sul, Nuno Santos vai, também, manter as regras.
Isso mesmo ficou alinhavado numa reunião entre diretores e o secretário de Estado da Educação, em julho, lembra Manuela Machado, diretora do agrupamento Soares dos Reis, em Gaia. "Faremos só uma revisão do plano de contingência, para saber se pode ser melhorado", disse.
"O início do ano letivo será igual ao anterior", resume Manuel Pereira, da Associação de Diretores, ANDE, incluindo a distribuição de máscaras a todos os alunos (incluindo do Básico), professores e auxiliares.
Aveiro
"Foi na hora". Paula não perdeu tempo a agendar
O autoagendamento da vacina contra a covid-19 para Simão Maia, 12 anos, foi feito "na hora", mal a mãe, Paula Brito, soube que era possível tratar do processo. A decisão já havia sido discutida várias vezes na família. "Para nós, não ser vacinado não era opção. A vacinação faz todo o sentido", diz a mãe.
Na passada quarta-feira, a vacinação dos jovens tinha sido, "mais uma vez, assunto" entre a família, que tem acompanhado as notícias com atenção. No dia seguinte de manhã, Paula, funcionária de uma pastelaria, tinha acabado de estacionar a viatura e preparava-se para ir trabalhar, quando, ao passar os olhos pelos alertas de notícias no telemóvel, deu conta da abertura do autoagendamento para jovens a partir dos 12 anos. "Foi na hora", lembra Paula. Tratou imediatamente de marcar "logo para o primeiro dia". Em seguida, ligou ao filho "a avisar".
Simão é vacinado hoje, ao início da tarde, em Aveiro. É "importante", diz o jovem, que espera que a vacina lhe traga mais liberdade, permitindo-lhe "não estar sempre em casa" e "fazer desporto à vontade". "Esperamos que com a vacina as aulas decorram normalmente", refere o pai, Nélson Maia, operário fabril, lembrando que no passado o filho teve de estar em casa porque um aluno na escola "testou positivo". Com a vacinação (os pais e avós de Simão já foram vacinados e fica a faltar apenas a irmã, Sara, de quatro anos), a família espera ganhar "tranquilidade". "Tudo o que ajude a que a vida seja um bocadinho mais normal" é bem acolhido, desabafa Paula, que não esquece os esforços devidos à pandemia.
O pai é "pessoa de risco, devido a um problema de pulmões", pelo que teve de manter a distância até ele ser vacinado. Também as saídas foram reduzidas ao estritamente necessário.
"Nós cumprimos a nossa parte. Tivemos todos os cuidados durante os confinamentos, não íamos a lado nenhum, só saíamos para comprar o essencial", conta Paula, explicando que é por isso que o filho sente tanta vontade de liberdade, de sair de casa. "Provavelmente, uma criança saudável como o meu filho, se apanhasse [a doença], talvez conseguisse passar pelas coisas de forma tranquila". Mas é um risco que os pais não estão dispostos a correr.
"Na nossa opinião, quanto mais depressa estivermos todos vacinados, mais depressa ajudamos a erradicar ou minimizar os riscos" da covid-19, reforça Paula. "Tudo o que pudermos fazer, devemos fazer. No caso da nossa família, é para cumprir", insiste.
Por Zulay Costa