Europacolon denuncia graves atrasos nos hospitais do Norte na realização de colonoscopias pós-rastreio. Hospital das Forças Armadas vai ajudar ARS.
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Há doentes com resultado positivo no rastreio ao cancro do cólon e reto que esperam até oito meses para conseguir fazer uma colonoscopia, o exame que permite confirmar se têm, de facto, um tumor no intestino. A resposta dos hospitais, sobretudo do Norte, piorou com a pandemia, denuncia a associação Europacolon, pedindo uma solução urgente para este "problema de saúde pública".
Os hospitais contactados pelo JN negam atrasos e a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte refere que duplicou o número de colonoscopias a estes doentes em 2021, que já estão todos os hospitais da região envolvidos na resposta e que, em breve, se juntará o polo do Porto do Hospital das Forças Armadas.
O rastreio do cancro colorretal consiste numa análise de pesquisa de sangue oculto nas fezes. Quando dá positivo tem de ser confirmado com uma colonoscopia, idealmente no prazo de três semanas a um mês, em hospitais que contratualizaram este serviço com as respetivas ARS. "A contratualização existe, mas o que nos dizem é que não têm meios humanos para as fazer e que têm uma enorme lista paralela de colonoscopias de seguimento a doentes em tratamento ou vigilância", afirma, ao JN, o presidente da Europacolon Portugal. Segundo Vítor Neves, os maiores problemas estão nos hospitais do Grande Porto, sem concretizar.
Hospitais negam atrasos
Em resposta ao JN, o IPO do Porto admite que, no ano passado, houve um aumento da procura e que o impacto da pandemia dificultou a capacidade de resposta que, "costuma ser, em regra, de três meses". Ainda assim, sublinha, foram feitas 121 colonoscopias de rastreio, mais do que as que estavam contratualizadas com a ARS (94) e do que as realizadas em 2019 (79).
O Hospital de S. João nega atrasos e diz ter capacidade para fazer mais exames, se for necessário. Em 2021, fez 359 colonoscopias a doentes referenciados pelo rastreio ao cancro do cólon e do reto, mais do que em 2020 (195) e do que em 2019 (18), ano em que se associou ao rastreio. O hospital acrescenta que todos os pedidos estão agendados até ao próximo dia 25, não havendo "nenhum doente de rastreio em lista de espera".
O Centro Hospitalar do Porto refere que "deu resposta a todos os pedidos de colonoscopias" em 2021, num total de 468 exames neste programa. Houve uma reorganização do serviço para dar "prioridade à realização desses exames, aumentando os períodos dedicados ao rastreio e a resposta em tempo útil", nota o hospital, assegurando que atualmente não tem doentes em lista de espera.
O Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, e o Hospital de Gaia não responderam em tempo útil.