"Eu não afunilava tanto". O dia em que Jerónimo deu pistas sobre o futuro líder
Perante os maus resultados eleitorais e o avançar da idade do secretário-geral do PCP, a questão da sucessão de Jerónimo de Sousa começou a colocar-se. João Ferreira, vereador na Câmara de Lisboa e candidato do partido a vários atos eleitorais, foi sempre o nome mais ventilado pela comunicação social. Jerónimo foi contemporizando, até ao dia em que deu uma pequena pista sobre a possibilidade de o secretário-geral poder vir a ser outro. Foi há menos de um ano.
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"Eu não afunilava tanto no João Ferreira", afirmou Jerónimo de Sousa, em dezembro de 2021, numa entrevista à CNN. Perante a insistência da jornalista, acrescentou: "Temos figuras como o João Oliveira, como o próprio Bernardino Soares, um [João] Frazão... Um conjunto de quadros [tão bom] que o partido vai ter dificuldade em encontrar solução".
Se é verdade que, nessa mesma ocasião, Jerónimo não mencionou Paulo Raimundo - o nome proposto pelo Comité Central e que deverá ser eleito este sábado à noite, no final do primeiro dia da Conferência Nacional do PCP -, também é certo que o ainda secretário-geral deixou, para quem o quis ouvir, a pista de que o seu sucessor poderia ser um nome menos óbvio.
Em janeiro desde ano, durante a campanha eleitoral das legislativas, Jerónimo de Sousa teve de ser operado à carótida interna esquerda. Na altura, foi temporariamente substituído por João Ferreira e João Oliveira, tendo este último participado nos debates televisivos com os líderes partidários. No passado dia 5, o ainda secretário-geral anunciou que deixaria o cargo por motivos de saúde.
Esta sexta-feira, ao JN, João Frazão, membro da Comissão Política do PCP - e um dos três nomes que Jerónimo lançou para a liderança -, reconheceu que Paulo Raimundo "não é o quadro mais mediatizado". No entanto, apontou-lhe várias virtudes, como a capacidade de trabalho, o empenho, a reflexão e "qualidades humanas que se vão revelar muito rapidamente".
Paulo Raimundo tem 46 anos, é militante do PCP desde os 18 e integra o comité central desde 1996. Trabalhou como operário e é funcionário do partido desde 2004.