João Oliveira, ex-deputado do PCP e membro da Comissão Política do partido, acusou o PS de ter retomado "a todo o vapor" as políticas de Direita. Sem referir o Chega, criticou as forças que demonstram uma "falsa preocupação com os problemas reais", considerando que, embora o PS "encene" uma oposição a esses partidos, é "objetivamente convergente" com eles na rejeição de propostas comunistas.
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"Depois de um período em que se viu condicionado pela influência de PCP e PEV nas decisões nacionais, o PS utiliza agora a maioria absoluta para retomar, a todo o vapor, as opções políticas de Direita", argumentou João Oliveira, na Conferência Nacional dos comunistas que decorre este fim de semana.
No entender do ex-deputado - que chegou a ser apontado à liderança do partido -, foi com o objetivo de descolar da Esquerda que, há um ano, os socialistas forçaram a rejeição do Orçamento, precipitando eleições. "Não é de estranhar que a maioria absoluta do PS tenha sido recebida com agrado e entusiasmo pelos grupos económicos", frisou, acrescentando que, após a"chantagem" do PS, o trabalho do PCP ficou "mais difícil".
Sem mencionar o Chega ou qualquer outro partido de Direita, João Oliveira aludiu à promoção de "forças e projetos reacionários", de natureza "retrógrada, demagógica, neoliberal ou fascizante". Todas elas "constituem uma ameaça" aos trabalhadores e ao país, uma vez que aliam a "convergência" com os interesses económicos a uma "falsa preocupação com problemas reais, que não pretendem resolver mas sim instrumentalizar".
"Com alguma frequência, assistimos ao empolamento e encenação de uma oposição entre o PS e estas forças quando, na verdade, desenvolvem, em aspetos essenciais, uma ação que é objetivamente convergente na defesa dos interesses do grande capital", considerou João Oliveira.
Essa proximidade está patente, segundo o comunista, na "repetida convergência na rejeição de soluções propostas pelo PCP", protagonizada entre os socialistas e a Direita, e que se faz sentir quando estes recusam alargar os direitos dos trabalhadores ou retirar "benesses" aos grupos económicos.
João Oliveira lamentou ainda a "acelerada e profunda degradação" da situação económica, mas prometeu não desarmar. Até porque, embora alguns apontem uma "falsa oposição" entre o discurso comunista e as necessidades do povo, nestes primeiros meses de maioria absoluta "fica claro que os interesses do PCP são os interesses dos trabalhadores e do povo". Esta observação mereceu muitas palmas dos cerca de mil delegados.