A tragédia de Pedrógão está a ser vista pelos deputados europeus não apenas com tristeza mas também com espanto, segundo diz o eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, que pede a demissão da ministra.
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"Como é que morrem 64 pessoas num incêndio florestal?" Este é o estado de espírito que o eurodeputado Paulo Rangel, encontrou entre os congéneres do Parlamento Europeu, segundo revelou o próprio, esta quarta-feira à tarde, em Madrid, à margem de um seminário sobre "Segurança e Defesa no Sul da Europa", organizado pelo Parlamento Europeu e que termina quinta-feira.
Em declarações à comunicação social, Paulo Rangel, eleito pelo PSD, disse que os colegas europeus manifestaram, primeiro, a sua solidariedade, mas depois "mostraram-se muito surpreendidos" com o elevado número de mortos e o contexto.
"Não é surpresa para ninguém, infelizmente, que em Portugal há fogos de uma dimensão desproporcionada. É já uma ideia feita que corresponde à realidade", disse Paulo Rangel. "Pode acontecer uma morte entre as forças que combatem o incêndio. É inaceitável, mas pode acontecer e já aconteceu, em Portugal ou em qualquer outro país", continuou.
Agora "morrerem 64 pessoas é algo que ninguém percebe", disse. "Como é que morreram 64 pessoas num incêndio florestal? Embora tenha sido a imprensa e televisão estrangeiras quem teve uma posição muito crítica sobre o Estado e as autoridades portuguesas".
"É tanto mais incompreensível quando se percebe agora que já havia relatórios a dar conta das falhas do SIRESP", notou. Paulo Rangel espanta-se também "por não ter havido ainda um pedido de desculpas" por parte do Governo português.
O eurodeputado fez o paralelismo com o incêndio ocorrido Londres, no qual morreram dezenas de pessoas. "Teresa May não é responsável direta, nem de perto nem de longe, mas veio pedir desculpas", sublinhou.
Paulo Rangel critica ainda o facto de não ter sido pedida a realização de um inquérito por uma entidade independente, em vez da realização de inquéritos parcelares.
Para o eurodeputado, a ministra da Administração Interna já se devia ter demitido. "Se há problemas com a Proteção Civil, se há problemas com a GNR, são tudo estruturas que dependem da ministra. Para haver um inquérito independente, ela não devia estar em funções porque é um obstáculo a que investigação seja feita de forma desapaixonada".
Segundo Paulo Rangel, a imagem de Portugal ficou "afetada", porque ficaram em causa "os serviços portugueses em matéria de Proteção Civil".