Governo mantém recomendação para que escolas usem espaços amplos. Há dirigentes "preocupados" com a vigilância por causa dos professores em isolamento.
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A primeira fase de exames arranca hoje: as provas mantêm o modelo do ano passado, mas vão ter mais perguntas obrigatórias e os alunos podem fazer melhorias de nota. O Governo manteve as regras, como o uso obrigatório de máscara e o uso de álcool-gel.
As normas do Júri Nacional de Exames (JNE) enviadas às escolas voltam a recomendar o recurso "a espaços amplos, como pavilhões, auditórios, refeitórios ou salas de convívio" para a realização das provas. Os critérios de distribuição dos alunos são definidos por cada diretor. Há diretores a impor um limite máximo de 12 alunos por sala, quem alerte para o rebentar das "bolhas" e quem esteja preocupado com a vigilância por causa do número de professores em isolamento.
Mais de 151 mil alunos inscreveram-se nos exames, sensivelmente o mesmo número do ano passado mas quase menos oito mil do que em 2019. A grande diferença está no número de provas: quase menos 100 mil do que há dois anos. Recorde-se, que devido à pandemia, os exames só contam para ingresso no Ensino Superior, pelo que a maioria dos alunos passou a fazer, em média, uma prova em vez de duas por ano. As pautas são afixadas a 2 de agosto.
Sem "bolhas"
Com a taxa de incidência a subir há semanas, o diretor da Secundária de Camões, em Lisboa, considera que deviam ter sido aprovadas "medidas mais claras", como um limite máximo de alunos por sala. João Jaime Pires alerta que não há "bolhas" nos exames: além dos alunos externos, a distribuição é feita por ordem alfabética e não por turmas. Este ano, devido ao agravamento da situação pandémica, assume, os apoios de preparação para os exames foram todos online e as provas de Matemática, que ali têm mais alunos inscritos, serão feitas no pavilhão.
"O JNE recomendou apenas que seguíssemos as orientações da DGS: distanciamento, espaços amplos e regras de higiene", frisa o presidente do Conselho das Escolas. José Eduardo Lemos, também diretor da Secundária Eça de Queirós (Póvoa do Varzim), definiu um limite de 12 alunos por sala e também vai realizar provas no ginásio.
Em Gaia, no agrupamento de Canelas, Artur Vieira garante não precisar de recorrer a espaços alternativos como os pavilhões. O diretor está mais preocupado com a vigilância das provas por causa do número de professores em isolamento (21). Pediu autorização para passar os alunos do 2.º ciclo para ensino à distância e assim libertar docentes (os professores em isolamento dão aulas online mas são precisos vigilantes nas salas com os alunos). Mas o pedido foi-lhe recusado, garante.
No agrupamento Pinheiro e Rosa, em Faro (um dos cinco concelhos do Algarve com as aulas presenciais suspensas), o diretor Francisco Soares também não irá recorrer a ginásios ou auditórios. O limite por sala será de 16 alunos e o distanciamento será cumprido, assegura.
"Os alunos têm convivido uns com os outros e a taxa de incidência no agrupamento é residual. Estamos convencidos de que, com o respeito pelos princípios do distanciamento e higienização, conseguiremos garantir que os exames sejam seguros", defendeu.
À lupa
Infetados
Os alunos infetados ou em quarentena podem fazer exames na segunda fase, entre 1 e 7 de setembro, e concorrer à primeira fase das candidaturas, desde que tenham uma justificação médica.
Mais obrigatórias
O modelo mantém-se mas, este ano, as provas terão mais perguntas obrigatórias - por exemplo, a Geografia A serão o triplo (passam de 6 para 18 questões), Matemática A passa de 4 para 11 e Português de 5 para 10.
Opcionais
Tal como no modelo excecional aplicado no ano passado por causa do tempo passado em ensino à distância, os exames terão perguntas opcionais e para a nota só contam as melhores classificadas.