Encarregados de educação revoltados com situação de escolas em Gaia, na Feira e na Póvoa de Varzim. Pais ameaçam fechar EB 2, 3 de Vila d'Este.
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Serviços encerrados ou a meio gás por falta de funcionários, instalações com problemas que afetam as atividades letivas e obras de requalificação com prazos a derrapar, enquanto os alunos têm aulas em contentores. Em Vila Nova de Gaia, em Santa Maria da Feira e na Póvoa de Varzim, há mais três exemplos de escolas cujo funcionamento está longe de ser o ideal, para desespero dos encarregados de educação.
Gaia
Reivindicam mais funcionários
Serviços de bar e papelaria encerrados a partir das 15 horas. Biblioteca fechada há cerca de duas semanas. Limpezas que ficam por fazer. Na Escola Básica 2, 3 de Vila d'Este, em Gaia, onde estudam 600 alunos, os problemas denunciados pelos pais são muitos. Exigem mais funcionários.
Os encarregados de educação ameaçam fechar a escola durante a manhã de hoje em protesto. Estão indignados com o aviso que o estabelecimento de ensino colocou na quarta-feira à entrada a informar que as aulas acabariam mais cedo por falta de assistentes técnicos.
A Direção do estabelecimento de ensino refuta as questões levantadas pelos pais e garante que dos 30 funcionários que tem há 28 ao serviço, devido a duas baixas médicas. Assegura que a partir da próxima semana a situação será normalizada, com a entrada de dois novos auxiliares.
Contactado pelo JN, o Ministério da Educação confirmou que a escola "está autorizada a contratar dois funcionários a tempo indeterminado", que entrarão ao serviço na próxima segunda.
Os relatos de descontentamento dos pais alargam-se ao acompanhamento dos estudantes com necessidades especiais. "Há alunos de cadeira de rodas e diabéticos que precisam de estar sempre com vigilância", referiu Ricardo Ribeiro, encarregado de educação.
Santa Maria da Feira
Exigida renovação com urgência
Na Escola Básica e Jardim de Infância do Carvalhal, em Argoncilhe, os pais reclamam uma intervenção urgente e denunciam a falta de resposta da Câmara da Feira. "Os professores e os auxiliares estão cansados e desmotivados, porque não há condições. A Associação de Pais faz o que pode para manter a escola aberta, mas não é fácil", explica Manuel Batista. O presidente da Associação de Pais diz que os problemas "são muitos": o quadro elétrico deixa de funcionar quando é ligado um aparelho mais potente, a iluminação das salas é insuficiente, as crianças têm frio no inverno e não há uma sala polivalente.
Além disso, as refeições são dadas num antigo coberto e numa sala da pré-primária, fazendo com que cerca de 100 crianças que ali estudam não tenham espaço para brincar ou educação física quando chove.
Manuel Batista acrescenta o mau estado do escorrega: "Se não repararem, então é melhor retirar". O encarregado de educação fala ainda na necessidade de tapar buracos de respiro do soalho, "por onde entram ratos", e numa chapa num dos cobertos que ameaça cair a qualquer momento.
"Já demos conhecimento dos problemas [à Câmara] por email há cerca de dois anos, mas nunca nos responderam a nada", garante.
O assunto foi levado à reunião do Executivo pela oposição. Margarida Gariso, do PS, considerou que a escola "precisa de uma requalificação profunda". "Os problemas arrastam-se há muito tempo", sublinhou. O presidente da Câmara, Emídio Sousa, afirmou desconhecer a situação e solicitou à vereadora da Educação que contactasse os pais.
Póvoa de Varzim
Prazos da obra sempre a derrapar
As obras da EB 2, 3 Dr. Flávio Gonçalves estão "atrasadas e muito". O empreiteiro - a Vierominho II - não dá sinais de querer "recuperar o tempo perdido" e a Câmara da Póvoa de Varzim está a perder a paciência. Quem o diz é o presidente. Aires Pereira admite que a Autarquia pode ter de rescindir o contrato, como já aconteceu na empreitada da EB 2, 3 de Aver-o-Mar.
"As obras têm já um desvio significativo relativamente ao programado. Temos andado a insistir e a pedir planos de recuperação à empresa, mas estamos com alguma dificuldade", explica Aires Pereira.
O autarca admite que, "se a situação não se inverter", a Câmara terá de rescindir o contrato por incumprimento. Até porque, com a escola em pleno funcionamento, a servir cerca de mil alunos, as obras criam "imensas perturbações" na vida letiva, com muitas aulas a serem dadas em pré-fabricados, pelo que se exige que terminem "o mais depressa possível".
A Autarquia deu um "ultimato" à Vierominho II: um pleno de recuperação para que tudo esteja pronto a tempo do arranque do ano letivo 2020/2021. Mas Aires Pereira admite que vê isso "com grande dificuldade".
Em Aver-o-Mar, a Câmara enfrentou idêntico problema. A obra acabou por parar em abril. Foi aberto novo concurso e a empreitada avança agora, "em grande ritmo", diz o autarca.
Na "Flávio Gonçalves", a empreitada começou em janeiro, após anos de reivindicações. Em 2014, o teto dos balneários do ginásio caiu. Os alunos estiveram quatro anos com balneários a funcionar em pré-fabricados e aulas num pavilhão cheio de infiltrações. A empreitada atual previa uma remodelação total: novos edifícios de salas de aula, um novo pavilhão, renovação dos espaços exteriores.