O número de agregados familiares de “pais sós” com filhos aumentou nas últimas duas décadas. Tendem mais a viver com jovens entre os 18 e os 24 anos, mas o número dos que têm crianças menores a cargo também subiu.
Corpo do artigo
Embora ainda sejam minoritários, o número de agregados familiares de “pais sós” com filhos aumentou nas últimas duas décadas em todas as faixas etárias das crianças e jovens. Uma tendência que se encontra em linha com o aumento do número de famílias monoparentais, que passaram de quase 354 mil, em 2001, para cerca de 580 mil, em 2021, o que corresponde a quase um quinto do global das famílias em Portugal.
Estes são alguns dos dados de um retrato detalhado das estruturas familiares com base nas últimas duas operações censitárias, apresentado esta terça-feira no Instituto Nacional de Estatística (INE), em Lisboa. Foi na década de 2001-2011 que as famílias de pais sozinhos aumentaram mais (+33,2%), mas a variação observada em 2011-2021 foi igualmente elevada (+30,5%), enquanto, por exemplo, as de mãe apresentaram uma subida mais ligeira (+19,2%).
Os pais sós tendem mais a viver com os filhos entre os 18 e os 24 anos, observou durante a apresentação a investigadora Sofia Marinho do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-UL).
Saem de casa mais tarde
É precisamente nessa faixa etária mais velha que, em geral, tem aumentado o número de famílias monoparentais, o que pode estar relacionado com a permanência ou o retorno dos jovens a casa dos pais e uma emancipação mais tardia, explicou a investigadora. Um dado que veio romper com a "ideia de que a monoparentalidade é uma situação provisória" na última década. Por seu turno, são as mães sozinhas que continuam a ter a seu cargo as crianças e jovens mais novos.
Apesar disso, o número de pais sós com, pelo menos, um filho menor de idade também aumentou ligeiramente, notou a investigadora. Mas é preciso “abrir um parêntese”: pode tratar-se de casos em que as crianças residem de forma alternada nas casas de ambos os progenitores, observou Sofia Marinho.
Em 2021, mais de 328 mil crianças e jovens até aos 18 anos viviam só com mãe ou pai. E, na última década, manteve-se a tendência de existirem mais famílias monoparentais de mãe (85,6%) do que de pai (14,4%).
Sofia Marinho notou ainda que essas mães e pais são cada vez mais velhos: têm-se verificado aumentos nas faixas etárias entre os 45 e 54 anos e com mais de 55 anos. Tendem a ter uma "autonomia habitacional identica" e os níveis de escolaridade de ambos têm aumentado. E vivem experiências de “monoparentalidade mais longas” e iniciadas “em idades mais avançadas”, resumiu.